Título: Atentados em Argel deixam 62 mortos
Autor: Argel
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2007, Internacional, p. A14

Número é citado por diplomatas europeus e equipes de resgate, mas Ministério do Interior confirma 26

Dois carros-bomba explodiram ontem em bairros de classe alta de Argel, capital da Argélia, um deles diante de escritórios da ONU, deixando dezenas de mortos. Fontes hospitalares,das equipes de resgate e dois diplomatas europeus citados pelo New York Times disseram que 62 pessoas morreram. O Ministério do Interior, no entanto, informou que havia 26 mortes confirmadas e 177 feridos. Já o organismo de proteção civil disse que o primeiro atentado deixou 30 mortos e o segundo, 15.

A primeira explosão destruiu um ônibus com estudantes no distrito de Ben Aknoun, diante do Conselho Constitucional. Pouco depois, às 9h30 locais (6h30 em Brasília), um outro atentado foi lançado contra escritórios da ONU no bairro de Hydra. Em Genebra, um porta-voz da ONU disse que 11 funcionários da organização morreram na explosão e 8 estavam desaparecidos. O carro-bomba explodiu diante de um prédio que abrigava os escritórios da agência para refugiados (Acnur) e do Programa da ONU para Desenvolvimento (Pnud). Cinco funcionários foram resgatados com vida dos escombros. O alto comissário da ONU para Refugiados, Antonio Guterres, disse não ter dúvida de que ¿a ONU foi o alvo¿.

O braço da Al-Qaeda no norte da África afirmou em um comunicado na internet que dois de seus membros lançaram os ataques. O grupo disse que os atentados foram cometidos por Abdul-Rahman al-Aasmi e Ami Ibrahim Abu Othman e colocou no site fotos dos dois suicidas segurando fuzis.

A organização terrorista, que se chamava Grupo Salafista para a Pregação e o Combate, passou a se chamar Al-Qaeda no Magreb Islâmico após aliar-se à Al-Qaeda no ano passado. Funcionários de segurança ocidentais qualificaram a mudança de nome como uma bravata dos radicais, mas o grupo passou a promover ataques suicidas simultâneos, uma marca registrada da Al-Qaeda. Com os atentados de ontem, o número de mortes em ataques no país só neste ano supera 100.

O governo argelino enfrenta uma insurgência islâmica desde o início dos anos 90, quando o Exército suspendeu o segundo turno das eleições multipartidárias para impedir uma possível vitória de um partido islâmico fundamentalista. Desde então, a luta dos grupos islâmicos para depor o governo deixou pelo menos 200 mil mortos na Argélia.

Em Ben Aknoun, as pessoas começaram a correr em pânico após a primeira explosão. Corpos calcinados de estudantes universitários permaneciam na calçada, perto do ônibus destruído, horas após o atentado. Em Hydra, equipes de resgate vasculhavam os destroços do prédio da ONU em busca de vítimas.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qualificou os ataques de ¿inaceitáveis¿; os EUA, de ¿violência insensata¿; a União Européia, de ¿atos odiosos contra civis¿; e a França, de ¿atos bárbaros e odiosos¿. Ban pediu uma revisão imediata das medidas de segurança da ONU na Argélia e em outras partes. AP, REUTERS E AFP

AÇÕES MAIS SANGRENTAS DESDE 2000

16/6/2000 - Explosão de bomba em um mercado de Mascara, 360 quilômetros a sudoeste de Argel, mata 13 e fere 42

5/7/2002 - Atentado em um mercado da cidade de Larbaa, 20 quilômetros ao sul da capital, mata 38 e fere 80

12/3/2004 - Nove pessoas morrem na região de Tebessa, leste da Argélia, na explosão de uma bomba durante a passagem de um comboio militar

11/4/2007 - Atentados simultâneos em Argel, contra a sede do governo no centro da capital e uma delegacia na periferia, deixam 30 mortos e 200 feridos

11/7/2007 - Caminhão-bomba é lançado contra quartel em Lajdaria, a sudeste de Argel, matando 10 militares e ferindo outros 35

6/9/2007 - Atentado contra o comboio do presidente argelino, Abdelaziz Buteflika, que passava pela cidade de Batna (leste), mata 22 e fere mais de 100. Buteflika sai ileso do ataque suicida

8/9/2007 - Atentado com carro-bomba contra um quartel da Guarda Costeira em Dellys, um porto da Província de Cabilia (70 quilômetros a leste de Argel), deixa 32 mortos e 45 feridos

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