Título: Fujimori é condenado a seis anos de prisão
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2007, Internacional, p. A16
Ex-presidente do Peru é considerado culpado por abuso de poder, no primeiro de quatro processos a que responde
Lima
Um juiz da Suprema Corte do Peru sentenciou ontem Alberto Fujimori a 6 anos de prisão e a uma multa de US$ 135 mil por abuso de autoridade, na primeira condenação criminal do ex-presidente, que ainda responde a outros três processos por corrupção e violações de direitos humanos. O juiz Pedro Guillermo Urbina declarou Fujimori culpado de abuso de poder por ter ordenado uma busca, sem mandado judicial, no luxuoso apartamento da mulher de seu então assessor e chefe de espionagem Vladimiro Montesinos, em novembro de 2000. No apartamento, Montesinos mantinha 40 caixas com fitas de áudio e vídeo que documentavam a corrupção no governo. Fujimori admitiu a culpa no caso, mas o tribunal não levou em conta sua confissão por considerá-la tardia.
Foi a primeira pena de prisão ditada contra Fujimori, de 69 anos, que assumiu a presidência em julho de 1990, deu o chamado ¿autogolpe¿ em abril de 1992 - quando fechou o Congresso, suspendeu a Constituição e expurgou o Judiciário - e governou o Peru até novembro 2000, quando fugiu para o Japão em meio ao colapso de seu regime.
O ex-presidente ouviu calmamente enquanto Urbina lia a sentença. Depois, consultou rapidamente seu advogado e então se dirigiu ao juiz, dizendo que apelará ¿parcialmente¿ da sentença e da multa. Ele não deu detalhes.
Na saída do tribunal, a deputa Keiko Fujimori afirmou que a condenação é fruto de uma ¿perseguição judicial¿ contra seu pai. ¿É uma sentença injusta¿, disse Keiko. ¿Meu pai reconheceu sua responsabilidade nesse caso e isso não foi levado em conta, buscaram argumentos excepcionais para castigá-lo com maior rigor¿, acrescentou. ¿Antes era uma perseguição política, agora é uma perseguição judicial. O que podemos esperar nos próximos casos?¿
Fujimori também responde a processos por casos de desaparecimentos atribuídos ao Serviço de Inteligência do Exército e pelos massacres de Barrios Altos, em 1991, e de La Cantuta, em 1992, considerados as mais graves violações dos direitos humanos cometidas no Peru nos últimos 30 anos. As duas chacinas, que deixaram ao todo 25 mortos, foram executadas por um esquadrão da morte formado por membros do Exército denominado Grupo Colina. A organização respondia às ordens de Montesinos, eminência parda do governo e ex-assessor de inteligência de Fujimori.
Na segunda-feira, durante uma audiência sobre os massacres, Fujimori, exaltado, alegou inocência. ¿Rejeito todas as acusações, sou inocente¿, afirmou. ¿Meu governo resgatou os direitos humanos de 25 milhões de peruanos¿, acrescentou, com o tom de voz elevado e agitando os braços. ¿Se aconteceram feitos detestáveis, não foram por ordens minhas. E eu os condeno.¿ AP, REUTERS E AFP
FRASES
Keiko Fujimori filha do ex-presidente peruano
¿Meu pai reconheceu sua responsabilidade no caso, mas a sentença foi injusta; buscaram argumentos excepcionais para castigá-lo com maior rigor¿
¿Antes era uma perseguição política, agora é uma perseguição judicial¿
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