Título: Corte de 0,25 ponto decepciona e faz Índice Dow Jones cair 2,14%
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2007, Economia, p. B3

Analistas esperavam redução mais agressiva do Fed, sobretudo na taxa cobrada nos empréstimos ao sistema bancário

Washington

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) cortou ontem a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, para 4,25% ao ano. A decisão desagradou aos investidores e derrubou as bolsas de valores americanas. O Índice Dow Jones perdeu 2,14% e o Índice S&P 500, que mede o desempenho das empresas mais importantes do país, recuou 2,53%. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 1,43%, após alcançar, no decorrer do dia, novo recorde de pontuação.

Veja a íntegra da nota do Fed e a evolução do juro americano

Vários analistas criticaram duramente a autoridade monetária americana. A maioria defendia uma redução mais expressiva do juro, sobretudo na chamada taxa de redesconto, cobrada nos empréstimos do Fed ao sistema financeiro.

¿O Fed e o mercado simplesmente não estão na mesma página¿, disse Richard Gilhooly, estrategista-sênior para renda fixa do banco BNP Paribas. ¿O mercado está muito decepcionado com o fato de o Fed não estar levando a sério os estresses dos mercados. O Fed está, claramente, se arriscando a uma recessão.¿

O executivo-chefe da gigante administradora de recursos Pimco, Bill Gross, foi menos assertivo, mas não deixou de criticar o BC americano, dirigido por Ben Bernanke. ¿(A economia) está se movendo não necessariamente para uma recessão, mas para perto disso¿, disse. ¿Acho que temos um Fed dividido, e esse é o problema. Metade do Fed entende o que está acontecendo e a outra metade, não.¿

No comunicado divulgado após a reunião, os diretores do Fed reconheceram que a economia está desacelerando e também que ¿as tensões nos mercados financeiros cresceram nas semanas recentes¿. No entanto, ressaltaram que a inflação ainda preocupa. ¿As leituras do núcleo da inflação melhoraram modestamente neste ano, mas os preços elevados da energia e das commodities, entre outros fatores, podem colocar uma pressão para cima na inflação.¿

O corte de ontem foi o terceiro seguido determinado pelo Fed. O ciclo de reduções começou em 18 de setembro, com a diminuição da taxa de 5,25% para 4,75% ao ano. O objetivo principal, naquele momento, era acalmar a tensão no mercado financeiro, em decorrência da crise do segmento de crédito imobiliário de alto risco (subprime).

No encontro dos dias 30 e 31 de outubro, as tensões haviam diminuído e o Fed cortou a taxa básica em 0,25 ponto porcentual, para 4,5% ao ano. Minutos antes da reunião de ontem, os contratos futuros de taxa de juros nos EUA apontavam uma chance de 55% de uma redução de 0,50 ponto porcentual.

Além disso, os investidores esperavam uma redução maior da taxa de redesconto. A queda decidida ontem nessa taxa foi de 0,25 ponto porcentual, para 4,75% ao ano. A maioria projetava 0,5 ponto porcentual.

¿O mercado queria ver algo mais agressivo em relação ao redesconto¿, disse Hank Smith, analista da Haverford Investment. ¿O assunto real não é a economia, mas o mercado de crédito, que precisa ficar lubrificado. Não estou certo de que essa decisão faça isso.¿

Para alguns especialistas, a crise de crédito respingará na economia real, na medida em que o consumidor se sente menos estimulado a comprar por causa do juro mais alto. A reunião de ontem do Fed foi a última de 2007. O próximo encontro será realizado nos dias 29 e 30 de janeiro de 2008. AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Links Patrocinados