Título: FAB admite: não haverá terceira pista no Aeroporto de Cumbica
Autor: Nogueira, Rui
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2007, Metropole, p. c8

Gastos de R$ 800 milhões, em obras e desapropriações, preocupa; Saito já estuda ampliação da pista auxiliar

Os custos financeiros e sociais para construir a prometida terceira pista do Aeroporto Internacional de Cumbica estão levando o governo a rever a proposta e a buscar uma opção. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, disse ontem ao Estado que está em estudo a possibilidade de Cumbica ¿ganhar uma nova segunda pista¿.

Cumbica tem hoje duas pistas: a principal, com 3.700 metros, e uma pista auxiliar, com 3 mil metros, que está em reforma. Para construir a terceira pista, prevista no projeto original, o governo calcula que teria de investir em torno de R$ 800 milhões. O problema é que, desse investimento total, pelo menos R$ 600 milhões seriam gastos para indenizar cerca de 6 mil famílias que invadiram a área do aeroporto. Em setembro, o presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Sérgio Gaudenzi, já antevia os problemas. ¿Tem de tirar pessoas da área. Essa é uma pista que vai dar trabalho.¿

Pela nova proposta, explicou o comandante Saito - sempre lembrando que a decisão definitiva não foi tomada -, o governo construiria uma nova segunda pista ¿com extensão igual ou quase igual à atual pista principal¿. Ele disse que a nova pista começaria perto da cabeceira da principal - isso permitiria, segundo o comandante, que as duas pistas fossem usadas ¿quase simultaneamente¿ em muitos vôos, aumentando a capacidade de pouso e decolagem do aeroporto internacional que fica no município de Guarulhos (SP).

No mês passado, um grupo com 15 dos principais especialistas no setor aeronáutico do País condenou unanimemente a proposta de construção de uma terceira pista no Aeroporto de Cumbica, em estudos apresentados à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e ao Ministério da Defesa. A maioria defendia estudos para criar um padrão operacional para cada uma das pistas atuais. A maior, de 3.700 metros, poderia ser utilizada só para pousos e decolagens intercontinentais, com sistema de revezamento nos Terminais 1 e 2. Já a pista menor, de 3 mil metros, serviria para operar pousos e decolagens domésticos e até o limite de 8 mil ou 9 mil quilômetros de distância.

O coordenador do Movimento Contra a Terceira Pista, Elton Soares de Oliveira, também acha que a solução para os problemas de Guarulhos não está na construção de uma terceira pista - e sim de um terceiro terminal dentro da base aérea de Cumbica. Segundo ele, essa alternativa aumentaria em 230 mil as operações anuais.

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