Título: Líder ameaçou deixar posto se PSDB desse votos que faltavam
Autor: Moraes, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2007, Nacional, p. A4
Sob tensão, bancada do partido se reuniu para definir posição contrária à prorrogação do imposto do cheque
Foi sob grande tensão que a bancada do PSDB decidiu firmar posição contra a proposta de prorrogação da CPMF, numa reunião na noite de terça-feira, no Senado. Para rechaçar a idéia de apoio ao governo, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) chegou a anunciar que deixaria a liderança do partido, caso essa decisão fosse tomada. Segundo ele, o PSDB sairia desmoralizado politicamente diante de seus eleitores, se desse ao governo os votos que não conseguia sequer entre os seus aliados.
A reunião tucana foi organizada às pressas, depois que os adversários da prorrogação da CPMF foram surpreendidos pelo movimento de senadores do partido dispostos a aceitar um acordo com o governo, se houvesse o repasse de 100% de sua arrecadação para a saúde. Estavam nessa posição Eduardo Azeredo (MG), Lúcia Vânia (GO) e Marconi Perillo (GO).
A reunião foi tão de emergência que até senadores que estavam em suas casas dormindo, como Papaléo Paes (PSDB-AP), foram chamados às pressas de volta ao Senado. Além da ameaça de Virgílio, a bancada também viu Álvaro Dias (PR) dizer que deixaria o partido se a adesão fosse concretizada.
Num clima tenso, Cícero Lucena (PB)perguntou: ¿Afinal, o governo está propondo 100% da CPMF para a saúde?¿ O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que não tinha recebido proposta desse tipo. Guerra e Virgílio revelaram que a conversa mais concreta foi a sinalização de reduzir a alíquota da CPMF e seu prazo de validade para apenas um ano, com a promessa de nova discussão dentro de uma futura reforma tributária.
Os tucanos se dividiram e Virgílio reagiu, dizendo que era impossível confiar em novas promessas do governo. ¿Quando nos reunimos com o ministro Guido Mantega, a mesma proposta apareceu e ele disse que era inviável fazer isso. Como é que agora vai poder?¿, argumentou. ¿Só que, se a bancada sair dividida daqui, o partido estará quebrado. E eu não terei condições de ser líder da bancada. Sou líder há cinco anos, mas não nasci líder e posso perfeitamente deixar a função que muito me honra¿, avisou, convencendo os colegas de que o PSDB, politicamente, tinha mais a perder do que a ganhar ajudando o governo.
FRASES
Arthur Virgílio (AM) Líder do PSDB no Senado
¿Quando nos reunimos com o ministro Guido Mantega a mesma proposta apareceu, e ele disse que era inviável fazer isso. Como é que agora vai poder?¿
¿Se a bancada sair dividida
daqui, o partido estará quebrado. E eu não terei condições de ser líder da bancada. Sou líder há cinco anos, mas não nasci líder e posso perfeitamente deixar a função que muito me honra¿
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