Título: FHC puxa tucanos para um lado; Aécio e Serra, para outro
Autor: Nogueira, Rui
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2007, Nacional, p. A7

Na polêmica da CPMF, ex-presidente tenta levar PSDB à liderança da oposição; já governadores miram em 2010

A discussão sobre a CPMF deixou claro que os tucanos travam debate sob duas grandes influências: a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que quer ver o partido no comando da oposição, e não a reboque do DEM; e a dos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, que trabalham suas candidaturas para 2010. Na discussão sobre a CPMF, Serra foi mais explícito do que Aécio na articulação e se expôs mais do que o colega mineiro.

Diante da negativa do Planalto em negociar a emenda da CPMF na Câmara, onde o governo tem maioria muito folgada, Fernando Henrique operou entre os líderes parlamentares para que o PSDB não cedesse onde o governo mais precisaria de ajuda: no Senado. Por isso, chamou o governo de ¿arrogante¿. O ex-presidente cunha o debate com o selo da ¿política¿, enquanto Serra põe o assunto no âmbito ¿administrativo¿.

Na revista dos tucanos, editada especialmente para a Convenção Nacional realizada no mês passado, em dois textos, assinados por Fernando Henrique e Serra, as diferenças ficam patentes.

¿Um partido não pode almejar ser reconhecido pela historiografia que ainda está por realizar. Ele vive do presente e da perspectiva de poder no futuro imediato. Perspectiva de poder não nos falta. Precisamos recuperar, no entanto, a capacidade de inspirar e liderar a agenda da modernização democrática¿, escreveu o ex-presidente.

¿O rol de ações mostra o quanto é possível realizar, sempre como foco no benefício ao cidadão. (...) Entendo que o Estado deve ser ativo, devemos praticar o ativismo governamental¿, registrou Serra, fazendo a defesa de ¿impostos a serviço da população, não para alimentar a voracidade do Estado¿.

Diante dos números acachapantes nas avaliações do governo e do desempenho do presidente Lula, Fernando Henrique pressiona para que o partido não tema se opor a essa popularidade. Por isso, o ex-presidente avalia como ¿politicamente desmoralizante¿ aderir a uma negociação agora, quando o resultado seria lido apenas de um jeito: o governo fatura a CPMF com a ¿ajuda¿ dos tucanos. Hoje, Fernando Henrique prega a tese de que o PSDB não confunda ¿responsabilidade política¿ com a função de ¿ajudante de governo em dificuldades¿ - erro que ele esteve à beira de cometer em 1992, quando o PSDB quase aderiu ao governo de Fernando Collor.

Serra está convencido de que não colará na população qualquer oposição política ao governo Lula. Sabe também que tem perspectivas reais de chegar ao poder em 2011 e precisará de dinheiro para continuar a investir no social e conquistar o eleitorado de Lula. Conforme pesquisa Datafolha, cerca de 30% dos que apóiam o governo e o presidente se dispõem a apoiar um governo tucano de Serra.

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