Título: Garibaldi assume Senado com voto de 68 senadores
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2007, Nacional, p. A10

Peemedebista agradece à cúpula de seu partido e a Sarney pela vitória, mas promete atender a pedidos da oposição, como rodízio em relatorias

Em uma votação secreta que durou exatos 19 minutos, o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) foi eleito ontem para um mandato-tampão de um ano e um mês na presidência do Senado. Único candidato, Garibaldi contou com os votos de 68 senadores - 8 foram contra, 2 se abstiveram e 3 estavam ausentes.

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Ele assume a vaga de Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou ao cargo na semana passada, pouco antes de ser absolvido em processo de cassação de mandato. No discurso de posse, Garibaldi agradeceu sua eleição à cúpula do PMDB e, em especial, ao senador José Sarney (PMDB-AP).

¿O certo é que o senador José Sarney é hoje credor da nossa confiança, como da confiança de todos aqueles que acompanharam de perto esse processo¿, disse Garibaldi. Em um discurso conciliatório, procurou se mostrar um aliado do Planalto e assumiu o compromisso de ¿resgatar a credibilidade¿ do Senado. Ao mesmo tempo, prometeu atender às reivindicações dos partidos de oposição, como rodízio nas relatorias de medidas provisórias. ¿Não tive e não tenho nenhum momento de vacilação ao assinar todos os compromissos, porque eles vão elevar o nome do Poder Legislativo em uma hora como esta.¿

Ao discursar depois de Garibaldi, o líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), ressaltou que a oposição não lançou candidato porque o peemedebista foi relator da CPI dos Bingos e investigou o governo Lula. ¿Foi precisamente nesse homem que o PSDB votou¿, disse. Mais tarde, em entrevista, Garibaldi argumentou que o tucano não pode esperar que na presidência do Senado ele atue como relator de uma CPI. ¿Tenho de ter um cuidado maior¿, explicou.

POPULAR

Antes da eleição, o novo presidente do Senado experimentou o gosto de sua emergente popularidade. Durante caminhada na Asa Sul, trocou acenos e cumprimentos com pessoas. O exercício, que começou às 8 horas, só terminou quando seu coração estava na casa dos 98 batimentos por minuto, de acordo com medidor de freqüência cardíaca, usado por Garibaldi a pedido da reportagem do Estado.

Ali, ofegante, garantiu que terá uma relação de absoluta independência com o Planalto. ¿Terei uma relação harmônica e respeitosa com os outros Poderes, mas ninguém quer ver um Legislativo atrelado ao Executivo. Isso não faz parte de um Estado moderno e não vamos faltar em relação a isso.¿

Adepto de última hora da caminhada matinal e da modalidade de exercício físico conhecida como pilates, que pratica duas vezes por semana em uma academia, Garibaldi não é um exemplo de atleta. Aos 60 anos, exibe os sinais de uma vida sedentária. Briga contra a diabete e o colesterol. A taxa de açúcar e o nível de gordura no sangue são algumas de suas maiores preocupações médicas.

Mas há também vaidade por trás do esforço a que vem se submetendo para perder peso. Ele crê que, diante das circunstâncias em que foi ungido ao posto, os holofotes da mídia estarão sempre no seu encalço. ¿Não posso ficar com medo de que isso vire uma maldição¿, disse.

Confessou que presidir o Senado não fazia parte de seus planos. Sua ambição máxima era presidir uma das comissões. Só quando teve certeza de que Sarney não seria candidato passou a trabalhar seu nome entre os colegas do PMDB. ¿Percebi que só tinha `japoneses¿ como eu, já que Sarney estava fora e Pedro Simon (RS) tinha poucas chances dentro da bancada. Fui o japonês da vez, mas o presidente poderia ser outro.¿

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