Título: Bate-boca entre Simon e Virgílio contagia plenário
Autor: Assunção, Moacir
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2007, Nacional, p. A12

Na seqüência da discussão, Jucá também mandou Sibá calar a boca

Era uma sessão aparentemente tranqüila. Até que, por volta de meia-noite, os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, começaram a bater boca no plenário. Foi o estopim. Dali em diante, na última hora da sessão houve uma série de discussões ríspidas e os discursos ficaram cada vez mais exaltados.

Simon se prestou ao papel que nenhum petista quis exercer e fez um apelo para que a votação da CPMF fosse adiada. ¿Não podemos fazer aqui vitória de Pirro. Ganhe quem ganhar, vamos levar essa decisão para daqui 11 horas¿, defendeu, dirigindo-se sobretudo a Virgílio. O tucano, então, cobrou duramente o gaúcho, sugerindo que definisse seu voto e parasse de se justificar. Simon reagiu, irritado. ¿Já fazia política com seu pai quando vossa excelência não tinha nascido.¿

Virgílio fez, então, um discurso agressivo, afirmando que o colega ¿não é melhor do que ninguém¿. A temperatura aumentou e o novo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), cassou a palavra do tucano.

NERVOS À FLOR DA PELE

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), bem que tentou manter a calma. Pressionado com a derrota que se desenhava, acabou perdendo a cabeça e mandou o senador governista Sibá Machado (PT-AC) calar a boca. ¿Você está ficando louco? Quer pôr tudo a perder. Quer que a gente perca também a votação da DRU? Cala a tua boca¿, gritou Jucá, caminhando em direção a Sibá, que, minutos antes, já fora advertido pela líder do PT, Ideli Salvatti (SC). ¿Se eu não posso falar o que penso, isto aqui não é democracia¿, reagiu Sibá. Ele discursava reclamando da oposição e mencionou que ao reprovar a continuidade da CPMF o Brasil poderia seguir o mesmo caminho da Argentina, que deu calote no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Diante da fala de Sibá, Efraim Morais (DEM-PB) interveio. ¿Aconselho a que não sejam repetidos discursos dessa natureza, senão vão perder a DRU também. Mais um discurso com esse radicalismo, e vão perder também¿, avisou. Foi a senha para que Jucá fosse em direção a Sibá para repreendê-lo.

Em outro ponto do plenário, Heráclito Fortes (DEM-PI) mandava um lobista da saúde calar a boca e sair do plenário, já que não era parlamentar.

Médico de formação, Tião Viana (PT-AC), foi embora logo após a votação da CPMF. Ao ver que todo o esforço fora por água baixo, no dia em que passou o comando do Senado para Garibaldi, ele abandonou o plenário irritado. Foi um voto a menos para o governo salvar a DRU. Mesmo assim, o dispositivo foi aprovado, por 60 votos a 18.

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