Título: Oposição argentina estuda CPI sobre 'escândalo da maleta'
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2007, Internacional, p. A26

Rivais de Cristina querem investigar se ela recebeu dinheiro e violou lei eleitoral

A oposição argentina estudava ontem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o suposto financiamento da campanha eleitoral de Cristina Kirchner pelo governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez.

A oposição considera que a presidente e seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, violaram a Lei de Financiamento dos Partidos, que proíbe que uma campanha eleitoral receba dinheiro de um governo estrangeiro. Cristina venceu as eleições em outubro com 45,2% dos votos e tomou posse na segunda-feira.

O chamado ¿escândalo da maleta¿ começou em agosto, quando o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson tentou entrar na Argentina com US$ 790 mil não declarados. O caso ressurgiu na quarta-feira, quando o FBI e a Justiça Federal dos EUA anunciaram a prisão, em Miami, de três venezuelanos e um uruguaio que, em conversas gravadas, haviam afirmado que a quantia levada por Antonini Wilson era para a campanha de Cristina. O grupo também teria tentado montar uma operação para ocultar a origem do dinheiro.

Por enquanto, a oposição vai se limitar à possível CPI porque um pedido de impugnação das eleições presidenciais poderia causar turbulências políticas e financeiras no país - que, desde 1928, só teve três presidentes que completaram seu mandato.

Em declarações à Rádio La Red, o deputado venezuelano Oscar Pérez, do oposicionista Podemos, afirmou que ¿Chávez é um imperador que distribui dinheiro para expandir seu projeto revolucionário¿.

O jornal portenho Clarín afirmou que teve acesso a documentos apresentados pela Justiça dos EUA que sustentam que o dinheiro era proveniente do governo venezuelano, mas a expectativa é que os acusados tentem evitar problemas maiores alegando que o conteúdo da maleta era lavagem de dinheiro.

Na segunda-feira, em Miami, dois dos detidos serão levados aos tribunais, onde serão acusados de ter agido em território dos EUA em nome do governo da Venezuela.

Ontem, a imprensa americana informou que dois dos venezuelanos detidos, Carlos Kauffmann e Franklin Durán, processaram o American Express Bank no dia 7, alegando que suas contas - totalizando US$ 25 milhões - foram fechadas sem permissão.

O embaixador dos EUA em Buenos Aires, Earl Wayne, tentou colocar panos quentes na crise, afirmando que as relações com a Argentina ¿são sólidas¿.

Em meio ao primeiro escândalo que atinge seu governo, Cristina recebeu ontem na Casa Rosada os atores Antonio Banderas e Melanie Griffith. ¿É uma honra reunir-me com uma pessoa eleita por um povo como o argentino, de que gosto muito¿, disse Banderas, que está no país para promover um perfume.

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