Título: Política industrial sai em janeiro, diz Miguel Jorge
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2007, Economia, p. B1
Ministro contradiz Mantega e afirma que programa de desonerações não será suspenso, mas sim modificado
A política industrial brasileira deve ser anunciada na segunda quinzena de janeiro, informou ontem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. O fim da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF)deve provocar mudanças no plano, mas não sua suspensão, disse ele. ¿Não será por causa de R$ 40 bilhões que deixarão de ser arrecadados que o País não terá uma política industrial.¿
Quinta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia dito que a política industrial seria suspensa. Jorge informou que, nos próximos dias, o governo voltará a se reunir com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para avaliar o impacto do fim da CPMF no projeto que já está pronto e deveria ser anunciado logo após a votação, pelo Senado, da continuidade do imposto.
O ministro do Desenvolvimento não deu detalhes sobre o conteúdo da nova política, mas adiantou que será dada ênfase à desoneração de tributos para investimentos. Também deverão ser criados programas especiais de financiamento às exportações, uma forma de compensar dificuldades de alguns setores com a política cambial.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou ontem, em São Bernardo do Campo (SP), de evento de lançamento do novo carro compacto Ka na fábrica da Ford, disse que faz parte do projeto ¿transformar o Brasil em plataforma de exportação para que possa ocupar destaque maior no mundo¿.
Miguel Jorge disse que o governo não tinha um ¿plano B¿ para a política industrial, pois contava com a aprovação da CPMF. Por isso o texto deverá sofrer ajustes. Assim que estiver pronto, em janeiro, será enviado ao Congresso.
O presidente da Ford do Brasil e Mercosul, Marcos de Oliveira, afirmou que o setor conta com uma linha de crédito mais competitiva para as exportações, por parte do BNDES. Ele também espera que sejam contemplados no programa linhas de crédito para projetos de engenharia, envolvendo compra de equipamentos e formação de profissionais capacitados.
¿Esperamos medidas que sigam o conceito de facilitar e desonerar os investimentos¿, observou Oliveira. Miguel Jorge ressaltou que a parte do programa que envolve temas ligados a impostos depende da aprovação da reforma tributária.
A indústria automobilística é uma das que mais anseiam pelas medidas a serem anunciadas. Apesar de estar com a produção de veículos ¿bombando¿, conforme definiu o próprio presidente Lula, o setor teme perder contratos de exportação por causa da valorização do real. ¿Mesmo com o mercado interno em boa fase, a indústria precisa garantir sua participação no mercado externo para ter escala de produção e competitividade¿, afirmou Oliveira.
Segundo fontes da indústria automobilística, várias montadoras aguardam o pacote de medidas do governo para anunciar novos investimentos.
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