Título: Brasil tem papel de destaque nas negociações
Autor: Amorim, Cristina
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2007, Vida&, p. A36

Ministro Luiz Alberto Figueiredo assumirá presidência do grupo de diálogo no primeiro ano

O Brasil, que chegou retrancado para a 13ª Conferência do CLima (COP-13), em Bali, sai entre os principais contribuidores da negociação. A presidência do grupo de diálogo, que trata justamente do encaminhamento do debate em torno do ¿mapa do caminho¿, fica no primeiro ano com o ministro Luiz Alberto Figueiredo.

A atuação brasileira foi elogiada pela União Européia e por ambientalistas, especialmente por ter flexibilizado sua posição na inserção de florestas como forma de mitigação de gases-estufa. O texto final inclui várias alternativas além da redução de desmatamento, um cenário que o Brasil não queria em princípio.

Além disso, os elogios , e a cobrança, são dados ao fato de o País ter aceito compromissos mensuráveis e verificáveis internacionalmente. ¿A liderança de Brasil, China e África do Sul foram fundamentais para segurar o consenso. Agora precisamos cobrar coerência em casa¿, afirma Figueiredo.¿Foi um passo importante, mas a lua-de-mel não será fácil de manter¿, complementa.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi à Indonésia para apresentar seu programa de metas voluntárias de redução de emissão pelo controle do desmatamento. A questão é a principal fonte de gases-estufa no Brasil, uma vez que o corte e a queima da vegetação libera na atmosfera o carbono que até então estava retido na forma de biomassa (folhas, tronco, raízes). Segundo a proposta, o País aposta em um fundo voluntário, que colete recursos de países ricos e empresas, para ajudar na estratégia de combate à ação ilegal.

Na COP-13, outros países quiseram inserir, com desmatamento evitado de florestas tropicais, mecanismos de mercado que transformasse árvore em pé em crédito de carbono. A questão ficou em aberto para debates futuros.

Outros temas envolvendo florestas entraram no texto final, como conservação e degradação, que a delegação brasileira era contrária em princípio. ¿Não diria que o Brasil perdeu. Ele cedeu em alguns pontos e ganhou em outros. No caso do desmatamento, já temos uma metodologia de monitoramento consolidada. É como começar numa corrida com o motor ligado, o carro na pista e o motorista dentro dele¿, afirma Mauro Armelin, do WWf-Brasil. ¿Acho que o caminho deste tema é buscarmos uma forma de financiamento casada, com fundos voluntários e mecanismos de mercado.¿

TRANSFERÊNCIA

Outro campo em que o Brasil ganha é na transferência de tecnologia. Segundo a consultora Larissa Schmidt, do Ministério de Ciência e Tecnologia, que negociou o tema na conferência, os avanços pavimentam um caminho que o País já buscava: de levar conhecimento sobre o monitoramento de florestas, desenvolvido para a Amazônia, para países africanos.

¿A questão de transferência de tecnologia, que não se resolvia há muitos anos, foi finalmente para o grupo de implementação. Foi construída uma triangulação que permite a transferência de Hemisfério Sul para Hemisfério Sul, e não só Norte-Norte.¿

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