Título: Economista viu antes expansão a 5%
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2007, Economia, p. B4

Aloísio Araújo, que previu PIB mais acelerado, acha que ritmo perdura

No início de fevereiro de 2007, quando a projeção média do mercado para o crescimento do PIB este ano estava em 3,5%, o economista Aloísio Araújo deu uma entrevista ao Estado prevendo que a economia poderia crescer 5%, conforme o objetivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Professor da Escola de Pós-Gradução em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio e do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA, também no Rio), Araújo é um dos economistas brasileiros com maior peso acadêmico internacional. Naquela entrevista, ele revelou uma discrepância em relação à maior parte dos seus colegas ortodoxos, que apostavam num crescimento menor. Mas Araújo concorda com praticamente todo o resto da agenda liberal, favorável ao ajuste fiscal, ao controle da inflação, à abertura da economia e às reformas para melhorar o mercado de crédito e o ambiente de negócios.

A explicação para a voz dissonante de Araújo é que ele acreditava que a combinação de equilíbrio macroeconômico inédito com uma série de reformas já realizadas era razão suficiente para que o PIB saísse da trajetória medíocre de crescimento, inferior a 3%, registrada desde a década de 90, para um nível mais compatível com o status de economia emergente. É verdade, porém, que a revisão para cima da série do PIB no início do ano - e logo após a previsão de Araújo - levou águas inesperadas para o moinho das projeções do economista.

Hoje, ele mantém a sua postura otimista, acha possível que o crescimento mantenha-se próximo a 5% nos próximos anos, mas ressalva que ¿isso não tem nada de espetacular para uma economia emergente¿.

Araújo acha particularmente importantes para o atual ciclo de crescimento as reformas que tiraram as amarras do mercado de crédito, como as realizadas sob a batuta do ex-secretário de Política Econômica da Fazenda, Marcos Lisboa, no primeiro mandato de Lula. Ele ressalta também o papel da nova Lei de Falências, para a qual contribuiu ativamente.

Em recente estudo, Araújo mostrou que a nova Lei de Falências - que facilita a recuperação das empresas ou a reciclagem dos seus ativos, caso a quebra seja de fato inevitável - já está afetando positivamente o volume de crédito na economia, que subiu de 22% do PIB para 34% no governo Lula. Quanto ao fim da CPMF, ele partilha a visão de muitos economistas: embora represente algum risco para as contas públicas, é bem possível que force o governo a conter a despesa pública, o que seria altamente positivo para a economia.

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