Título: Petrobrás fecha acordo e paga extra à Bolívia
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2007, Economia, p. B15

Estatal brasileira pagará US$ 160 milhões a mais por ano e retomará investimentos para ampliar produção

A Petrobrás deve pagar US$ 160 milhões anuais pelos líquidos extraídos junto ao gás natural que importa da Bolívia. O aumento do preço pago aos bolivianos pelo gás foi acertado em encontro entre os presidentes dos dois países no início do ano, mas ainda não havia sido detalhado. O assunto fará parte da série de acordos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva firmará com seu colega Evo Morales em visita à Bolívia que se inicia hoje. O principal tema da pauta é a retomada dos investimentos da Petrobrás na Bolívia.

Lula chega a La Paz na tarde de hoje e se reúne com Morales e a presidente do Chile, Michele Bachelet, para discutir a construção de um corredor bioceânico ligando o porto de Santos ao porto chileno de Iquique. Apenas na Bolívia, mais de 700 km de estradas serão construídas ou melhoradas para o transporte de mercadorias brasileiras ao Pacífico. O trecho brasileiro, entre Santos e a fronteira boliviana, já está pronto. Segundo informações da Administradora Boliviana de Estradas, o tempo de viagem se reduzirá de 40 dias para apenas três. No campo energético, Petrobrás e a estatal local YPFB podem criar uma empresa conjunta para explorar novas áreas de petróleo e gás na Bolívia. Além disso, a estatal brasileira vai retomar os investimentos na expansão dos campos de San Alberto e San Antonio.

A companhia brasileira poderá assumir a operação do campo de Itaú, vizinho a San Antonio, operado pela Total. Com os três projetos a produção boliviana de gás cresce 6 milhões de metros cúbicos até 2012.

Em entrevista à revista Piauí de outubro, o presidente Evo Morales voltou a ameaçar a retomada dos ativos da Petrobrás caso a empresa não volte a investir. ¿Se a Petrobrás não investir para recuperar os volumes de produção, vamos confiscar os campos¿, disse Evo.

O mesmo discurso estaria sendo usado nas reuniões de negociação. Não está previsto ampliação das importações brasileiras. Em entrevista recente ao Estado, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, afirmou que investimentos em exploração e produção objetivam evitar o declínio natural da produção do país. Sem investimentos, o contrato de exportação de 30 milhões de metros cúbicos por dia ao Brasil estaria ameaçado.

O aumento do preço do gás é reivindicação antiga da Bolívia, sob a alegação de que a Petrobrás vem pagando preço de ¿gás pobre¿ por frações nobres do combustível, como o etano, matéria-prima da indústria petroquímica, o gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, e a gasolina natural. Por falta de instalações para separar os componentes, eles são enviados junto ao gás natural ao Brasil.

Lula assinará ainda acordos nas áreas de educação, combate ao narcotráfico e agricultura - este último inclui financiamento de US$ 35 milhões para a compra de maquinário agrícola por produtores bolivianos.

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