Título: Darfur é o retrato da velha África
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2007, Especial Africa, p. H3

Conflitos étnicos como o do Sudão ampliam mazelas do continente

Darfur, Sudão

O conflito étnico-religioso é a origem de várias guerras que atingem a África. Atualmente, o mais sangrento ocorre no oeste do Sudão, na região de Darfur. O confronto - que hoje se transformou em genocídio - começou em 2003, quando moradores da região, muçulmanos negros, se rebelaram contra o governo, alegando que Cartum os estava negligenciando ao favorecer muçulmanos árabes.

O governo decidiu então apoiar milícias árabes tribais para combater os rebeldes de Darfur. Conhecidos como janjaweeds, os milicianos passaram a pilhar e incendiar vilas, seqüestrar, estuprar e matar milhares de civis. Cartum então negou que tivesse contratado os grupos armados árabes.

O que se viu foi o desenrolar de uma das piores crises humanitárias da atualidade. Os massacres já deixaram mais de 200 mil mortos e obrigaram mais de 2 milhões a abandonar suas casas. Os refugiados de Darfur foram obrigados a vagar pelo deserto - do tamanho da França - e a cruzar as fronteiras do país, principalmente em direção ao Chade e à República Centro-Africana, espalhando o conflito por toda a região. O governo sudanês é acusado de promover uma limpeza étnica ao obrigar milhões a se refugiar.

Uma após a outra, as tentativas de promover um acordo de paz na região fracassaram, apesar de toda a pressão internacional. Com 7 mil soldados, a força de paz da União Africana está longe de conter o conflito.

Na Somália, o governo interino luta, desde 2006, contra insurgentes islâmicos. As batalhas já obrigaram mais de 1 milhão de somalis a fugir, transformando a capital Mogadíscio numa cidade fantasma. Na Nigéria, conflitos entre muçulmanos do norte e cristãos do sul impulsionam a violência que prejudica o crescimento do país, apesar de estar ali a maior reserva de petróleo da África.

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