Título: TV paga conquista novo público
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2007, Negocios, p. B10
Número de assinantes já cresceu 15% no ano, e boa parte desses clientes vem das classes de renda mais baixa
Aos 83 anos, a pensionista Aracy Vieira Dias só descobriu a TV por assinatura há cinco meses. Por insistência da família, se rendeu à imagem com melhor qualidade e, de quebra, fez um agrado aos 12 netos e seis bisnetos nos fins de semana, quando todos freqüentam sua casa para assistir a desenhos. ¿Sei que tem um monte de recursos, mas não sei mexer nisso não. Só uso para ver meus filmes e novelas. As crianças é que aproveitam¿, diz.
Aracy faz parte de um novo contingente de clientes da TV por assinatura, que, no terceiro trimestre deste ano, alcançou a marca de 5,2 milhões de assinantes no País, segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil).
Na comparação com 2006, o crescimento é de 15%, o maior em sete anos - desde 2000 esse número estava estacionado entre 3 milhões e 4 milhões de usuário. E boa parte dos novos assinantes, dizem os executivos do setor, é de poder aquisitivo mais baixo. De janeiro a outubro, o setor registrou uma receita de R$ 4,7 bilhões, 15,3% mais que no mesmo período do ano passado.
Executivos do setor dizem que, a partir de agora, a competição entre as empresas se dará por meio do sinal digital de alta definição, novos serviços e canais cada vez mais segmentados. Com essas estratégias, o mercado, em 2008, deve alcançar 5,8 milhões de assinantes, conforme o instituto de pesquisas de TV por assinatura PTS.
A reviravolta do setor se deu por um conjunto de fatores: a entrada das empresas de telefonia no capital das operadoras de TV a cabo, o crescimento da renda e a oferta de pacotes com TV por assinatura, internet banda larga e telefonia fixa. Esse ambiente propiciou uma onda de fusões e aquisições - que deve continuar em 2008.
¿Existe mais espaço para consolidação do mercado. Temos discutido muito isso. Estamos abertos. Também queremos novas licenças que deverão ser licitadas (em 2008)¿, afirma a superintendente da TVA, Leila Loria. Segundo ela, este ano a base de clientes da empresa vai passar de 327 mil para 400 mil.
Teve peso decisivo para a expansão da empresa a parceria com a Telefônica, em São Paulo, para oferecer TV a cabo, 200 minutos de telefonia fixa mais internet banda larga. Até o fim do primeiro semestre de 2008, a Telefônica consolida sua participação no capital da TVA, que vai funcionar como porta de entrada da empresa no Rio, Curitiba e Porto Alegre, já que os planos são os de oferecer banda larga e telefonia por meio de ondas de rádio (MMDS).
¿Sempre vai existir mercado para várias empresas. Não existe espaço só para uma ou duas grandes operadoras. Para nós, se o preço for bom, não descartamos (comprar outra empresa)¿, diz o vice-presidente de marketing da Sky, Agricio Neto. A base de assinantes da empresa vai passar de 1,4 milhão para 1,6 milhão. A empresa fez parceria com a operadora Oi.
O primeiro movimento de consolidação da TV paga ocorreu em 2004, quando a Sky anunciou a fusão com a DirecTV. O negócio só foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em novembro de 2005. Em outubro do ano passado, a Net comprou a segunda maior operadora de TV por assinatura em número de assinantes, a Vivax.
Numa operação de troca de ações com a Vivax, a Net passou a deter 45% do mercado de TV paga. Em 2005, a mexicana Telmex, controladora da Embratel, já havia comprado 7,2% do capital votante da Net.
¿Em meados de 1996, se dimensionou o mercado brasileiro com algo em torno de 12 milhões de assinantes para 2003. Os investimentos foram planejados conforme essa previsão¿, afirma o diretor do PTS, Otávio Jardanovsky. Segundo ele, grande parte da estagnação da base de assinantes foi resultado desse superdimensionamento. Agora, esse quadro parece que começa a mudar.
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