Título: País vai crescer 5%, mas sem cumprir meta fiscal, diz CNI
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/12/2007, Economia, p. B7
Para a Confederação da Indústria, o fim da CPMF complicará as contas do governo no próximo ano
O fim da CPMF fará com que o governo tenha dificuldade para cumprir a meta de superávit primário do próximo ano, de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB). A avaliação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que divulgou ontem as suas previsões econômicas para 2008. A entidade projeta uma economia para o setor público de 3,2% do PIB no ano que vem, ante 4,1% este ano.
O cálculo não prevê aumento de impostos, que pode ser anunciado dentro das medidas em preparação no governo para compensar a perda da CPMF. Também considera um corte de apenas R$ 22 bilhões nas despesas com custeio da máquina e pessoal previstas no Orçamento do próximo ano.
Mas, apesar de vislumbrar um possível descumprimento da meta fiscal, a CNI projeta números positivos para economia brasileira. Mesmo com superávit menor, a dívida pública deve cair para 41,3% do PIB em 2008 e a economia deve crescer 5% (ante 5,3% neste ano).
A estimativa coincide com a previsão do Ministério da Fazenda e está acima dos 4,4% esperados pelo mercado financeiro, conforme o último levantamento do Banco Central (BC).
Apesar da expectativa de aumento menor do PIB em relação a 2007, a entidade avalia que o bom desempenho da atividade econômica em 2008 será garantido pela demanda interna forte, aumento dos investimentos públicos e privados e um cenário externo favorável, apesar da crise nos Estados Unidos, que deve fazer desacelerar a economia mundial.
Para a indústria, continuam fatores de preocupação a valorização do real, o aumento dos gastos públicos e os gargalos na infra-estrutura. ¿Essa trajetória de crescimento dos gastos públicos preocupa porque sobrecarrega a política monetária¿, disse o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto.
Mesmo assim, a entidade estima que a taxa de juros básica (Selic) deve fechar 2008 em 10,5% ao ano, a menor da década. A previsão para inflação medida pelo IPCA, que baliza a política de juros do BC, é de 4,1% no próximo ano, abaixo do centro da meta do governo, de 4,5%.
A CNI prevê a continuidade da valorização do real em 2008. A taxa média projetada para o ano é de R$ 1,72 por dólar. Por isso, a entidade espera um crescimento de 4,5% nas exportações, a menor taxa desde 1996. Para as importações, a estimativa é de aumento de 20% em relação a 2007.
O superávit comercial, na estimativa da CNI, deverá cair de algo em torno de US$ 40 bilhões este ano para US$ 25 bilhões, como resultado de exportações de US$ 175 bilhões e importações de US$ 150 bilhões. Com isso, a contribuição do comércio exterior na formação do PIB deve ser negativa em dois pontos porcentuais.
Influenciado pela balança comercial, o País deve ter déficit de US$ 6 bilhões na conta corrente no balanço de pagamentos. A projeção da CNI é menos otimista que a do mercado, que espera superávit de US$ 33,6 bilhões e déficit zero no balanço de pagamentos. Para a CNI, como em 2007, o destaque do crescimento será o aumento de 14% dos investimentos, ante 12,8% neste ano.
NÚMEROS
3,2% do PIB é a previsão de economia para o setor público projetada pela CNI para o ano que vem
41,3% é a projeção de queda da dívida pública em relação ao PIB
5% é a expectativa de crescimento da economia para 2008
10,5% é a estimativa para a taxa de juro básica (Selic) no fim do ano que vem
Links Patrocinados