Título: Investimento estrangeiro chega a US$ 33,7 bi e bate recorde
Autor: Nakagawa, Fernando; Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2007, Economia, p. B3

Valor entre janeiro e novembro supera até mesmo o montante aplicado no Brasil na época das privatizações

Favorecido pelo bom momento da economia nacional, o Brasil recebeu US$ 33,73 bilhões em Investimento Estrangeiro Direto (IED) de janeiro a novembro deste ano. O valor dos 11 meses já supera o recorde de 2000, na época das privatizações, quando US$ 32,779 bilhões ingressaram no País. Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Para 2008, o BC espera desaceleração na entrada desses recursos, destinados à construção e ampliação de fábricas, e compra de empresas.

Somente em novembro, o Brasil recebeu US$ 2,53 bilhões em investimentos diretos. Com o resultado do mês, o acumulado em 2007 já supera em 106,9% o registrado em igual período do ano passado.

Os números já eram esperados por analistas. ¿O ingresso de recursos tem sido beneficiado por um cenário positivo para o Brasil, composto pela aposta de crescimento mais forte da economia e com a expectativa de que o País deve receber o grau de investimento¿, afirmou a economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli, que aposta em US$ 35 bilhões em IED no ano, mesmo número estimado pelo Banco Central.

Para 2008, as previsões são mais discretas. O BC acredita que o ingresso de investimento direto deverá somar US$ 28 bilhões, valor que, se for confirmado, será 20% menor que o projetado para 2007. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, explicou que o número foi calculado com base nas projeções de investimento em instalações e equipamentos, sem contar possíveis fusões e aquisições.

Para Maristella, não será surpresa se o valor superar a projeção oficial. Para ela, o IED deve somar US$ 30 bilhões. ¿Pode-se afirmar que o valor tem viés de alta porque é muito provável que as fusões ocorram. Mas, mesmo que o valor seja menor que o de 2007, ainda é muito expressivo¿, comentou a economista.

O aumento do estoque de IED faz com que aumente a perspectiva de remessa de lucros e dividendos para as sedes das multinacionais instaladas no País, fenômeno que vem efetivamente ocorrendo e é em parte responsável pela trajetória de queda na conta corrente do balanço de pagamentos.

O ingresso de IED também aumenta a diferença entre os investimentos realizados por estrangeiros no Brasil e por brasileiros no exterior. Em junho, o chamado passivo externo líquido atingiu US$ 472,866 bilhões, ante US$ 409,113 bilhões de março. O número foi originado pela diferença entre o passivo externo total (investimentos externos no Brasil), que atingiu US$ 785,938 bilhões, e o ativo externo (capital brasileiro no exterior), que somou US$ 313,072 bilhões.

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