Título: Alimentos têm maior alta desde janeiro de 2003
Autor: Assis, Francisco Carlos de; Leonel, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2007, Economia, p. B5

Variação de preços atinge 2,37% e é maior responsável pela elevação do IPC-Fipe no período, que é de 0,84%

Os preços dos alimentos na capital paulista tiveram, na segunda prévia de dezembro - últimos 30 dias encerrados no dia 15 -, a maior alta desde a terceira parcial do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, em janeiro de 2003. Não é de agora que os alimentos têm sido o vilão do custo de vida, mas as taxas recentes têm se mostrado cada vez mais surpreendentes.

Na segunda coleta de preços deste mês, feita pela Fipe, o grupo alimentação apresentou variação média de 2,37%, abaixo apenas dos 2,65% da terceira prévia de janeiro de 2003.

Por causa, sobretudo, do comportamento dos alimentos, o índice pleno da segunda prévia (quadrissemana) do IPC fechou com alta de 0,84%, superando a mediana, de 0,82%, das expectativas do mercado, que iam de 0,74% a 0,93%. É a maior alta desde a terceira quadrissemana de janeiro, que foi de 0,85%.

O que ameniza a situação é que, embora os preços estejam subindo num ritmo acima do previsto, as maiores pressões estão concentradas em produtos com ciclo de produção curto, movidos por questões sazonais.

O maior vilão na segunda quadrissemana de dezembro foi, de novo, o feijão, com aumento de 30,45%, elevando a alta no ano para perto de 150%. A razão é que a seca em algumas das principais regiões produtoras obrigou o agricultor a adiar o plantio. Espera-se que agora as chuvas que chegaram não se intensifiquem a ponto de prejudicar o que já foi plantado.

Outro produto importantíssimo na dieta do brasileiro, que tem contribuído em muito para o aumento da média dos preços, são as carnes. A bovina subiu 9,16% só na segunda prévia deste mês e a suína, 5,52%.

Também por motivos climáticos, os preços das verduras foram reajustados em 15,89% nos últimos 30 dias, segundo a Fipe. Dentro do segmento da indústria de alimentos, o óleo de soja, com 6,32%, foi o campeão das altas.

Os demais grupos têm apresentado variações mais condizentes com a sazonalidade. É o caso, por exemplo, do vestuário, que tem sido pressionado pelas compras de fim de ano e pela troca de estação. O aumento do vestuário foi de 0,45% na pesquisa anterior para 0,51% na terceira quadrissemana. O mesmo ocorre com as despesas pessoais, que, por causa das férias, estão subindo mais: de 0,08% para 0,53%.

Com isso, o coordenador do IPC, Márcio Nakane, elevou de 4,37% para 4,39% a previsão para a inflação na capital paulista para o fim de 2007. De acordo com ele, a alteração leva em conta uma pequena revisão na estimativa para o indicador do encerramento de dezembro, de 0,81% para 0,83%.

¿Tudo o que havia sido identificado na pesquisa anterior está apenas se confirmando¿, disse Nakane. ¿A alimentação está dominando completamente a cena e essa é a tendência do momento.¿

A boa notícia é que, no grupo alimentação, a carne bovina e os produtos in natura já estão em desaceleração, o que pode evitar que a inflação suba ainda mais.

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