Título: Garibaldi elogia extinção de tributo
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2007, Nacional, p. A6

Na primeira entrevista como presidente do Senado, ele diz que Casa votou `em sintonia com sociedade¿

Em sua primeira entrevista coletiva depois de assumir a presidência do Senado, o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) elogiou a decisão da Casa de rejeitar a CPMF e criticou a atuação do governo. ¿Eu não votei e ia votar a favor (do tributo). Mas não estou inibido de dizer que o Senado acertou, porque votou em sintonia com a sociedade.¿

Embora tenha reconhecido que a missão do governo era difícil, ¿porque ninguém paga CPMF feliz¿, Garibaldi avaliou que a razão da derrota foi outra. ¿O governo perdeu a batalha da comunicação e da articulação política.¿ Para ele, ¿da forma como as coisas foram conduzidas¿, a derrubada da CPMF foi uma derrota anunciada.

Segundo o novo presidente do Senado, o governo errou ao surpreender os parlamentares com uma carta já de madrugada, em meio ao processo de votação da CPMF. ¿Até o presidente Lula reconhece que sua articulação política precisa melhorar. O governo precisa ter uma articulação estável¿, insistiu, destacando que jamais viu um governo com minoria no Senado.

A defesa pública da posição do Senado contra a CPMF foi feita com o suporte do resultado de uma pesquisa de opinião do Instituto DataSenado dando conta de que 78% dos brasileiros aprovaram a decisão dos senadores na recusa à CPMF. Os pesquisadores ouviram 784 pessoas em todas as capitais, das quais 95% avaliaram que o Brasil tem muito imposto. Além disso, para 70%, o governo não usa bem os recursos arrecadados.

Garibaldi considerou ¿de uma clareza impressionante¿ a importância da CPMF para financiar a saúde, a Previdência e o Bolsa-Família. ¿Mas quantos tinham esta informação?¿, argumentou, para completar: ¿Mesmo os informados tinham dúvidas se esse dinheiro foi bem aplicado.¿

Em sua primeira entrevista coletiva, o novo presidente do Senado também procurou dar sinal de que pretende conduzir a Casa com independência em relação ao Planalto. Disse que a prioridade do Congresso é uma coisa, e a do governo, outra, e defendeu a tese de que os senadores não podem deixar os interesses do Legislativo para trás, para atender ao Executivo. ¿Temos de existir como Congresso¿, pregou, anunciando que conduzirá a Casa de forma que também possa ter opinião política e exercitar seu mandato de senador. ¿Eu não vou ser hermafrodita¿, anunciou, para concluir bem-humorado: ¿Lula falou em metamorfose, mas parece que a minha foi melhor.¿

No que se refere às mudanças que planeja fazer, no entanto, Garibaldi foi cauteloso. ¿Tenho de ser realista, ou vou perder apoios. Não me peçam para garantir nada. Só quem garante as coisas aqui é o conjunto da Casa.¿ Mas, indagado sobre a possibilidade de aumentar os salários dos parlamentares, disse que só merece aumento quem está trabalhando bem. ¿Vocês acham que o Senado está trabalhando bem? Eu acho que não.¿

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