Título: Ações militares da Colômbia põem reféns em risco, advertem Farc
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/12/2007, Internacional, p. A9

Alerta da guerrilha esfriou expectativa de que os três cativos pudessem ser entregues a Chávez antes do Natal

Reuters, Ap, Afp

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) advertiram ontem que a vida dos reféns Clara Rojas (assessora da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt), seu filho Emmanuel, de 3 anos, e a ex-deputada Consuelo González Perdomo ¿corre um grave perigo¿, sem dar detalhes. Em um comunicado divulgado pela agência Anncol, a guerrilha afirmou que ¿operações militares (colombianas) impedem¿ a entrega dos cativos. Há uma semana, as Farc anunciaram que entregariam os reféns para o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, como ¿gesto de boa vontade¿.

Horas após o anúncio das Farc, a senadora colombiana Piedad Córdoba, que atua na mediação com os guerrilheiros, afirmou que os reféns ¿não serão libertados antes do Natal¿, com a entrega podendo ocorrer em até 48 horas. ¿Não faria uma afirmação tão concreta se não acreditasse¿, disse.

Havia expectativa de que os reféns fossem soltos até ontem no Estado venezuelano do Amazonas, perto da fronteira com Colômbia e Brasil. Mas o retorno de Piedad a Bogotá, depois de um fim de semana em Caracas, indicava que a libertação teria sido adiada.

Ontem e domingo, Piedad alertou que ações militares na fronteira poderiam adiar ou ¿até mesmo frustrar¿ o processo. Clara foi capturada em 2002 e teve um filho com um guerrilheiro no cativeiro. Consuelo é refém desde 2001.

Chávez já havia advertido no final de semana que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, poderia tentar sabotar o processo por não ter interesse em um acordo humanitário com as Farc. Desde novembro, quando Uribe suspendeu a mediação chavista nas negociações com a guerrilha, a relação diplomática entre Caracas e Bogotá entrou em crise.

O alto comissário para a paz na Colômbia, Luis Carlos Restrepo, classificou de ¿imprudentes¿ as declarações de Piedad e Chávez e garantiu que não há nenhuma operação militar para impedir a soltura dos cativos. O comissário também se dispôs a renunciar, se o preço a pagar pela libertação de todos os seqüestrados for seu cargo.

O diretor da fundação colombiana Segurança e Democracia, Alfredo Rangel, criticou as advertências de Chávez e Piedad. ¿O Exército colombiano não controla a floresta. Se quiserem, as Farc podem levar os reféns até a Venezuela¿, disse.

Uribe ofereceu uma área rural de 150 quilômetros quadrados para dialogar com a guerrilha. As Farc, porém, só aceitam negociar após a desmilitarização de uma zona maior no sul do país, perto das localidades de Florida e Pradera.

Links Patrocinados