Título: Importação cresce 34% e saldo pode ficar 13% menor que o de 2006
Autor: Sobral, Isabel; Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/12/2007, Economia, p. B1

Até dia 23, superávit acumulado no ano já era 12,2% menor que valor obtido no mesmo período do ano passado

O resultado parcial da balança comercial de dezembro divulgado ontem trouxe uma boa e uma má notícia. A boa é que, faltando oito dias para o encerramento do ano, a meta fixada pelo governo para as exportações de US$ 157 bilhões, foi superada. A má é que as importações tiveram um desempenho ainda mais forte, ultrapassando as expectativas do governo.

Com isso, o saldo está 12,2% menor do que o de igual período do ano passado. A expectativa dos economistas de dentro e de fora do governo é que o comércio internacional contribua menos para o conjunto das transações do Brasil com o exterior, que deverá fechar 2008 negativo, depois de cinco anos superavitário.

De acordo com dados divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as exportações somaram US$ 157,41 bilhões até a terceira semana de setembro. Com isso, a meta do governo para 2007, de US$ 157 bilhões, foi superada oito dias antes de encerrar o ano.

O valor total das vendas externas realizadas até esse período representa um crescimento de 19,2% em relação ao que o País vendeu ao exterior no mesmo período do ano passado.

Somente na terceira semana de dezembro, entre os dias 17 e 23, as vendas de produtos brasileiros ao exterior somaram US$ 4,27 bilhões, enquanto as compras atingiram US$ 3,23 bilhões. O saldo da semana, o melhor deste mês, ficou positivo em US$ 1,04 bilhão.

Já as importações acumuladas de janeiro até a terceira semana de dezembro somam US$ 119,01 bilhões, aumento de 34,7% em relação ao mesmo período de 2006. A cifra ultrapassa em US$ 2 bilhões a projeção do governo, que é de US$ 117 bilhões. As compras de mercadoria no exterior vêm sendo puxadas pelo dólar barato e pela demanda das indústrias, que adquirem máquinas para renovar seu parque produtivo.

Assim, o saldo da balança comercial do País está acumulado em US$ 38, 39 bilhões, um desempenho 12,2% inferior ao do mesmo período do ano passado. O resultado ainda é menor que a projeção do governo, que estima fechar o ano com superávit de US$ 40 bilhões, cerca de 13% menos que o resultado positivo de US$ 46,07 bilhões alcançado em 2006.

Na semana passada, o Banco Central revisou sua projeção e agora espera um superávit comercial de US$ 30 bilhões em 2008, ante os US$ 34 bilhões anteriormente projetados. No mercado financeiro, segundo o último boletim Focus do Banco Central divulgado ontem, que toma como base as projeções de economistas de bancos e corretoras, a estimativa é um superávit de US$ 32 bilhões.

META MAIS AMBICIOSA

O Ministério do Desenvolvimento não fez projeções para o superávit da balança comercial, embora já trabalhe com uma meta mais ambiciosa de exportações para 2008. O ministério espera que elas atinjam US$ 172 bilhões. Para esse objetivo ser alcançado, as exportações brasileiras terão de crescer quase o dobro dos 5,5% de crescimento projetados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para as vendas mundiais em 2008.

De acordo com as projeções do Banco Central, revisadas na semana passada, o superávit comercial esperado para o próximo ano é de US$ 30 bilhões. A continuidade no ritmo mais forte das importações forçou o BC a reduzir sua projeção, que antes era de um superávit de US$ 34 bilhões na balança comercial.

O ritmo forte das importações não preocupa o Ministério do Desenvolvimento. Em entrevista recente ao Estado, o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, destacou que máquinas e equipamentos e matérias-primas representam mais de 60% das compras internacionais.

Isso significa que as empresas estão aproveitando o câmbio favorável para renovar o parque industrial ou para comprar insumos mais baratos. Mas os bens de consumo também estão ganhando espaço por causa da demanda interna aquecida.

Do lado das exportações, os produtos básicos ganharam espaço na pauta, não só pelo aumento da quantidade vendida, mas também pela elevação dos preços internacionais das commodities. Este ano, houve reversão de tendência e o aumento do volume embarcado teve mais peso. Em 2006, a expansão das vendas foi sustentado pelo aumento dos preços no mercado internacional.

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