Título: Morre paciente removido durante incêndio
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/12/2007, Metroopole, p. C3

Por causa da fumaça, vendedor foi transferido, com ventilação manual, do 9º andar do Instituto Central para UTI

O Hospital das Clínicas (HC) confirmou ontem a morte de um dos 200 pacientes removidos durante o incêndio no Prédio dos Ambulatórios. No dia 24, o vendedor Raimundo Nonato de Azevedo, de 56 anos, estava no 9° andar do Instituto Central e, por causa da fumaça, teve de ser levado para a UTI do 5° andar. Internado desde 4 de dezembro, havia passado por duas cirurgias para a retirada de um tumor no esôfago. Mas sua condição clínica piorou e ele respirava com ajuda de aparelhos.

Parentes crêem que o incêndio possa ter agravado ainda mais a situação. ¿Faltou energia no prédio, que ficou um apagão, um escuro. Então tudo indica que faltaram os aparelhos em que meu pai estava¿, lamentou sua filha, Claudia Maria de Azevedo, à TV Globo.

O cirurgião Samir Rasslan, professor titular do HC, afirma, porém, que a morte não teve relação com o tumulto. ¿Ele morreria de qualquer forma. Teve falência múltipla dos órgãos horas depois do incêndio. Não teve nada a ver com o problema no prédio.¿

Ainda assim, Rasslan confirma que o paciente ficou sem ventilação mecânica por alguns momentos, depois que a energia foi cortada. ¿A equipe de enfermeiros desceu de escada ao 5° andar com cuidado, para manter a ventilação manualmente. Não sei se ele ficou sem respiração artificial por muito tempo. Mas outros devem ter ficado o mesmo tempo e não morreram.¿

O anestesista Fernando Bliacheriene, que estava na UTI na hora do acidente, disse que três pacientes com respiradores artificiais tiveram de ser deixados sem ventilação quando a fumaça obrigou os médicos a saírem da sala. Afirmou, no entanto, que depois os encontrou vivos.

Anteontem, o HC disse ao Estado que nenhum paciente havia morrido em decorrência do incêndio. Mas, segundo a Assessoria de Imprensa, não houve omissão de informação, pois a morte de Azevedo não pode ser atribuída ao tumulto. EMILIO SANT¿ANNA, FABIANE LEITE e RODRIGO BRANCATELLI

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