Título: Cresce a massa salarial
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/12/2007, Notas e Informaçoes, p. A3
A massa salarial do Brasil - a soma dos salários pagos aos trabalhadores da economia formal - tem crescido em ritmo acelerado nos últimos anos. Calcula-se que, do início de 2005 até o fim de 2007, o aumento tenha sido de 30% em termos reais. Os ganhos de renda ocorrem em todo o País, mas, em 2005 e 2006, eles foram maiores nos Estados mais pobres; já em 2007, os Estados mais industrializados devem ter puxado o crescimento da massa salarial nacional.
Os dados já consolidados, que constam da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) que os empregadores são obrigados a apresentar ao Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que, no acumulado de 2005 e 2006, a massa salarial do País aumentou 20,6%. Na Região Sudeste, o crescimento, de 18%, foi inferior à média nacional. Mas nas regiões menos desenvolvidas o aumento foi muito superior à média nacional. No Norte, foi de 28%; no Nordeste, de 30%; e no Centro-Oeste, de 26%.
Dois fatores explicam os ganhos mais altos nas regiões mais pobres. O primeiro é a maior correção do salário mínimo em 2005 e 2006, de 8% e 13%, respectivamente. Nos Estados mais pobres, é maior a concentração de trabalhadores que ganham o salário mínimo ou têm sua renda fortemente afetada pela variação do mínimo.
Outro fator que explica o maior crescimento da massa salarial nessas regiões é o grande peso do funcionalismo no mercado de trabalho formal. O setor público responde por mais da metade da renda dos trabalhadores formais dos Estados menos desenvolvidos. Nos dois anos considerados, o poder público contratou funcionários e, na média, deu aos servidores que já estavam em atividade aumentos maiores do que os obtidos pelos trabalhadores do setor privado.
A discrepância entre os salários do setor privado e os vencimentos dos funcionários públicos nesses Estados é notável. Nos Estados do Norte, a massa dos salários pagos aos funcionários públicos cresceu de 11,7% a 25,6%, como mostrou reportagem publicada recentemente pelo jornal Valor. A massa salarial do setor privado registrou variação semelhante, de 12% a 22,6%. A diferença está no salário real médio dos setores: o do setor privado alcança, no máximo, 65% do vencimento médio do funcionário público.
Além de mais altos, os vencimentos dos funcionários aumentam mais depressa do que os salários dos trabalhadores do setor privado, como mostra o caso do Acre. Lá, a massa salarial do setor público cresceu 25,1% no acumulado de 2005 e 2006, por causa do aumento de 15,2% do salário médio e de 8,7% no número de funcionários. Já no setor privado, o crescimento da massa salarial foi de 15,2% (aumento de 9,5% do nível de emprego e de 5,2% do salário). Em conseqüência, o peso do setor público na massa salarial passou de 62,9% no início de 2005 para 65,2% no fim de 2006. Ou seja, praticamente dois terços dos salários pagos no Acre saem dos cofres públicos.
Situação diferente foi observada no Sudeste, onde o peso do funcionalismo público é menor. Na média, a região registrou o menor crescimento da massa salarial em 2006. No Estado de São Paulo, o aumento foi de 9%, inferior à média nacional, de 11,5%. O número de postos de trabalhos com carteira assinada em São Paulo aumentou 5,7% no ano passado - no setor privado o aumento foi de 6,3%, enquanto na área governamental o crescimento foi de apenas 0,9%. No Estado, o setor privado responde por 81,2% da massa salarial.
Em 2007, a variação do salário mínimo pesará menos na massa salarial regional, porque o reajuste real foi menor do que o dos anos anteriores (5,3%). Com isso, a diferença no ritmo de crescimento da massa salarial entre os Estados mais pobres e os mais industrializados tenderá a diminuir.
Além disso, o peso do aumento do número de empregados no total de salários pagos deve ser maior em 2007 do que nos anos anteriores. Por causa das características do crescimento da economia em 2007, o emprego cresceu mais depressa nas regiões mais desenvolvidas do que nas mais pobres. Até outubro, o emprego formal na Região Sudeste tinha aumentado 7,1%, mais do que a média nacional, de 6,5%. A região onde o emprego cresceu mais lentamente nos dez primeiros meses de 2007 é o Nordeste, onde a expansão ficou em 4,8%.
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