Título: Libertação de reféns deve pôr Uribe contra a parede
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/12/2007, Internacional, p. A12

Provável sucesso da operação deve ampliar as vozes que exigem mais flexibilidade do presidente colombiano

AP E WP, Bogotá

A libertação dos três seqüestrados do grupo de 46 reféns políticos mantidos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pode aumentar a pressão para que o governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, faça mais concessões para conseguir um acordo humanitário com a guerrilha.

A decisão dos rebeldes foi anunciada como sendo um gesto de ¿boa vontade¿, mas também pode servir para outros propósitos. Politicamente, a atitude dos guerrilheiros de entregar os reféns isolaria Uribe, principal inimigo das Farc. No entanto, a entrega dos seqüestrados pode ser encarada como um teste para negociações mais diretas entre o governo e a guerrilha - suspensas desde que Uribe assumiu a presidência, em 2002.

O fato de as Farc terem anunciado que entregariam os três reféns para o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, faz com que o venezuelano tenha chance de retomar seu papel como mediador entre governo e rebeldes. Em agosto, Chávez ofereceu-se para mediar o acordo humanitário colombiano, mas no mês passado, Uribe colocou um fim na mediação do venezuelano. ¿Um dos argumentos mais fortes de Uribe é que não há como negociar com as Farc porque eles não cedem um centímetro¿, afirmou Adam Isacson, analista do Centro de Política Internacional, em Washington. ¿Esse é um exemplo claro de que os guerrilheiros estão cedendo algo unilateralmente. É uma jogada que fará com que o governo seja duramente pressionado a responder.¿

Um dos que deve exercer pressão sobre Uribe é o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que desde que assumiu a presidência, em maio, está envolvido pessoalmente na questão. Em junho, ele conseguiu a libertação do guerrilheiro Rodrigo Granda - conhecido como o ¿chanceler das Farc¿ - para ajudar nas negociações com a guerrilha e conseguir libertar a ex-candidata franco-colombiana Ingrid Betancourt.

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