Título: Farc anunciam 'ofensiva geral' em 2008
Autor: Costas, Ruth
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2008, Internacional, p. A12

Líder máximo da guerrilha conclama seguidores a se unir contra governo em comunicado de Natal

Em meio ao colapso das negociações para um acordo humanitário, uma agência de notícias próxima ao grupo rebelde Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) divulgou ontem uma mensagem na qual o chefe da guerrilha, conhecido como Manuel Marulanda, conclama seus seguidores a uma ¿ofensiva geral¿ no país em 2008. A convocação foi feita na tradicional mensagem de Natal de Marulanda para os guerrilheiros.

¿É conveniente aproveitar a crise geral que o governo atravessa e o cansaço refletido em algumas unidades militares para começar a preparar as condições para uma ofensiva geral¿, diz Marulanda. ¿Os quadros das Farc estão obrigados a conduzir as organizações sob sua direção à luta por suas reivindicações políticas, econômicas e sociais que são tão indispensáveis quanto as ações armadas nas estradas, veredas, selvas, centros urbanos e quartéis, sem dar trégua ao inimigo¿, acrescenta.

Em outra carta, Marulanda culpa os generais colombianos pelo fracasso da operação de resgate dos reféns, que as Farc prometiam entregar ao presidente venezuelano, Hugo Chávez.

As Farc suspenderam a operação na segunda-feira alegando que movimentos de militares na região a tornava muito arriscada. O governo colombiano nega que tenham sido organizadas ações na área. Ontem, porém, o Exército informou que no dia 31 um importante combatente das Farc foi morto na fronteira com a Venezuela.

Segundo a guerrilha, seriam libertados Clara Rojas, assessora da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, seqüestrada em 2002, a ex-senadora Consuelo González de Perdomo e o filho de Clara nascido em cativeiro, Emmanuel, de 3 anos.

A versão do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, é a de que as Farc não entregaram os reféns porque Emmanuel não estava em seu poder. Segundo informações da inteligência colombiana, o menino teria sido entregue por um colombiano chamado José Gómez em julho de 2005 a um orfanato ligado ao Instituto Colombiano de Bem-estar da Família (ICBF) em San José de Guaviare, onde a presença de rebeldes das Farc é intensa.

No orfanato, ele seria chamado de Juan David Tapiero. O menino estaria doente e desnutrido. A revelação só foi feita no dia 31, segundo o governo, porque quando as Farc prometeram entregar o garoto, Gómez tentou desesperadamente recuperá-lo.

Uribe só decidiu divulgar a informação quando ficou claro que as Farc não entregariam os seqüestrados.

Ontem, novas pistas reforçaram a versão do governo colombiano. Gómez, que já havia admitido que Juan David lhe foi entregue pelas Farc, admitiu que o grupo guerrilheiro havia ameaçado matá-lo se ele não lhes devolvesse o menino até o dia 30.

A resposta definitiva, no entanto, só deve vir à tona quando forem divulgados os resultados dos exames de DNA feitos com o menino e parentes de Clara. Contatado pelo Estado, o ICBF afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso até que os resultados dos testes estejam prontos.

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