Título: Ex-ministro recua e agora nega ter feito denúncia
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2008, Nacional, p. A6
Em entrevista e nota, Dirceu garante que apenas citou acusação já arquivada pela Justiça por falta de provas
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu negou ontem que tenha dito à revista Piauí que a sede do PT em Porto Alegre foi construída com dinheiro de caixa 2 e pediu desculpas aos petistas gaúchos pelos transtornos causados pela declaração. Dirceu justificou-se em entrevista concedida à Rádio Gaúcha. Mais tarde, depois de recusar pedidos de entrevista do Estado, voltou a falar do assunto por meio de uma nota.
¿Jamais afirmei que o PT comprou uma sede custeada por caixa 2¿, disse o ex-ministro à rádio. ¿Durante todo o meu relato deixei claro que houve uma denúncia que a Justiça rejeitou por falta de provas¿, completou, em discurso reprisado na nota. Em outro trecho da entrevista, Dirceu acrescentou: ¿Quero pedir desculpas aos petistas do Rio Grande do Sul pelo transtorno que causei.¿
Na entrevista e na nota, ele disse que pretendia apenas comentar que o PT nacional esteve ao lado de colegas no Rio Grande do Sul quando as denúncias de uso de caixa 2 eclodiram. O mesmo, segundo o ex-ministro, não ocorreu quando ele próprio foi alvo de acusações.
Dirceu também negou outros pontos da entrevista à revista Piauí. Um deles é a menção ao filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luis, que aparece na revista como objeto de conversas entre o ex-ministro e o presidente. Ele disse que se referia ao jornalista Luiz Costa Pinto, segundo ele também conhecido como Lulinha.
OBJEÇÕES
Também negou que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares tenha participado de um jantar com ele e os deputados petistas Antonio Palocci (SP), José Genoino (SP) e João Paulo Cunha (SP). Outras informações, como a de que teria cogitado fretar um avião no Panamá, o cargo do conselheiro político da embaixada da República Dominicana em Brasília e os detalhes de um encontro do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González, também foram alvo de correções. Na nota, distribuída no fim da tarde, Dirceu disse já ter informado a Piauí sobre suas colocações.
No mesmo horário, porém, a revista negou que tivesse recebido algum documento dele. Após tomar conhecimento da nota, o editor da Piauí, Marcos Sá Corrêa, disse que a revista mantém o que foi publicado.
O único ponto que poderia ser fruto de confusão, segundo ele, é a menção a Lulinha. E ainda assim, disse o editor, a versão de Dirceu não faz sentido se considerado o contexto apresentado na entrevista. ¿O diálogo dele com o presidente Lula sobre o Lulinha não faz sentido se não estiver falando do filho do presidente¿, argumentou, acrescentando que Luiz Costa Pinto é conhecido por Lula e não por Lulinha.
Ele lamentou as incorreções menores, mas emendou: ¿Isso não invalida a reportagem.¿
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