Título: Compra de sede foi apurada por CPI
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2008, Nacional, p. A6

Assembléia gaúcha acusou PT de adquirir prédio com dinheiro do jogo do bicho

As declarações do ex-ministro José Dirceu de que a sede do PT em Porto Alegre teria sido adquirida com dinheiro de caixa 2 reavivaram polêmica que incomoda os petistas desde 2001.

Naquele ano, o relatório final da CPI da Segurança Pública da Assembléia Legislativa gaúcha, elaborado pelo deputado Vieira da Cunha (PDT), apontava que o prédio usado como sede pelo partido, cedido em regime de comodato pelo Clube de Seguros da Cidadania, fora adquirido em 1998 por R$ 310 mil e parte dos recursos não tinha sido declarada e era originária de doadores anônimos, inclusive banqueiros do jogo do bicho.

O relatório acusou 43 pessoas, entre elas o então governador Olívio Dutra, por crimes de responsabilidade e prevaricação. Todos se livraram das acusações nos tribunais regionais ou no Supremo Tribunal Federal (STF), por inconsistência de dados ou falta de provas.

Em 2002, o PT devolveu a sede ao clube e adquiriu imóvel próprio por R$ 360 mil, em oito parcelas, com dinheiro levantado entre filiados, em negócio que não foi posto sob suspeição.

Como não foram condenados pela Justiça e estão distantes do prédio do Clube de Seguros desde 2002, os petistas consideram o assunto encerrado. Olívio Dutra, atual presidente da legenda no Estado, refere-se à CPI como uma ¿vilania¿. A secretária-geral do partido, Maria Eulália Nascimento, diz que a sede está quitada.

Oficialmente, o Clube de Seguros, formado por simpatizantes da legenda, atuava como estipulador de seguros. Sua clientela principal eram filiados do PT. A aquisição do prédio preenchia exigência legal, a de que a entidade deveria dispor de um imóvel. Depois, o prédio foi cedido ao partido sem cobrança de aluguel. Segundo seu presidente, Diógenes de Oliveira, o clube foi prejudicado pela CPI e não está mais ativo, embora exista formalmente e mantenha o imóvel, cedido desde 2002 à Via Campesina.

Para o agora deputado federal Vieira da Cunha, o clube servia para dar um manto de legalidade a doações que não poderiam aparecer na contabilidade do PT. ¿A declaração do Dirceu confirma aquilo que sabíamos na CPI, tanto que eles próprios (os petistas) deixaram o prédio logo depois.¿

Em 2005, o então presidente do PT gaúcho, David Stival, admitiu que o ex-tesoureiro Marcelino Pies e o petista Marcos Trindade retiraram em 2003 R$ 1,05 milhão da SMPB, de Marcos Valério, para pagar despesas no Estado - dinheiro de caixa 2. Um acordo para doar cestas básicas e comparecer mensalmente ao cartório eleitoral por dois anos extinguiu o processo contra os três.

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