Título: 'É assunto alienígena para os municípios', reage Jucá
Autor: Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2008, Nacional, p. A4

Governistas avaliam que aumento de impostos não vai interferir na eleição

O governo está muito mais preocupado com a aprovação do Orçamento do que com as ameaças dos adversários de usar o aumento de impostos para atingir os candidatos aliados nas eleições municipais deste ano.

Apesar do recesso parlamentar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos articuladores políticos do Planalto que retomem nos próximos dias as negociações com a oposição. Motivo: quer evitar obstáculos criados na última hora, como os que provocaram a derrota do governo na votação da CPMF.

¿A partir de segunda-feira (amanhã) estarei em Brasília e vou dialogar com todos os líderes¿, afirmou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. ¿Em nenhum momento discriminaremos a oposição.¿ Lula também está disposto a conversar com parlamentares e governadores. A estratégia é adoçar a boca não apenas da sua base de sustentação, mas também de tucanos e até do DEM, com o atendimento de reivindicações paroquiais.

Embora os adversários afirmem que a elevação dos tributos para compensar a perda dos R$ 40 bilhões da CPMF esquentará ainda mais o clima político nas campanhas para as prefeituras, a partir do segundo semestre, os aliados não acreditam que o tema interfira nas eleições de outubro.

¿É um assunto alienígena para os municípios¿, resumiu o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). ¿Só se a oposição estiver lesada para querer importar um negócio desses: é o mesmo que falar de Chávez, de Bush e da crise no Afeganistão¿, ironizou.

Jucá aconselhou o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), a ¿fazer contas¿ antes de afirmar que Lula aumentou a carga tributária.

Na quarta-feira, a equipe econômica anunciou um pacote de medidas que combinaram alta de impostos com tesourada nos gastos. Na tentativa de cobrir o rombo causado com o fim da CPMF, o governo elevou as alíquotas do IOF e da CSLL.

¿Eu respeito quem queira defender o lucro dos bancos, mas o que ocorreu, de modo geral, não foi aumento da carga tributária¿, disse Jucá. ¿Foi só o nome de batismo que mudou e a CPMF virou IOF¿, simplificou.

Animado com a promessa de Lula de não cortar os R$ 4,4 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) reservados à sua pasta, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, garantiu que as ações de saneamento nos municípios serão mantidas. ¿A ordem do presidente é tocar obras. Vamos preservar o PAC nos programas sociais¿, insistiu.

Mesmo com a garantia de que manterá os investimentos do PAC, o governo assegura que reduzirá as despesas em R$ 20 bilhões. Pelos cálculos da equipe econômica, outros R$ 10 bilhões virão do aumento da tributação sobre o sistema financeiro. Faltam, ainda, R$ 10 bilhões para fechar o cálculo da reposição das perdas com o fim da CPMF.

¿Eu torço para que a estratégia da oposição seja bater na tecla do aumento de impostos nessa campanha, porque aí ficará mais claro o discurso pró-elite do DEM e do PSDB¿, provocou o vereador José Américo Dias, presidente do PT paulistano. Defensor da candidatura da ministra do Turismo, Marta Suplicy, à Prefeitura de São Paulo, José Américo aproveitou as críticas dos rivais para dar uma estocada nos tucanos. ¿O PT está disposto a enfrentar esse debate, mostrando que quem subiu a carga tributária no País foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso¿, devolveu.

Na mesma linha, o deputado Jilmar Tatto (SP), um dos vice-presidentes do PT, disse que os adversários estão ¿sem rumo¿. Mas também cobrou a tão aguardada reforma tributária. ¿A oposição pode ajudar o PT nisso e quem sabe obriga o governo a enviar logo para o Congresso esse projeto¿, afirmou.

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