Título: Farc dizem que Emmanuel foi 'seqüestrado' por Uribe
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2008, Internacional, p. A19
Grupo guerrilheiro confirma que menino encontrado em Bogotá é filho de refém
REUTERS e AFP
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) acusaram o presidente colombiano, Álvaro Uribe, de ¿seqüestrar em Bogotá¿ um menino que o grupo rebelde mantinha como refém, Emmanuel, ¿com o infeliz propósito de sabotar a entrega¿ de sua mãe, Clara Rojas, e da ex-deputada Consuelo González de Perdomo (dois dos reféns da guerrilha) ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. A acusação foi feita em um comunicado divulgado na internet na sexta-feira à noite, no qual as Farc confirmam que o menino atualmente sob proteção de um órgão estatal é Emmanuel, filho de Clara nascido no cativeiro há três anos.
¿Emmanuel não podia estar no meio das operações bélicas do Plano Patriota (ofensiva do Exército), dos bombardeios, dos combates, da movimentação permanente e das contingências da selva. Por isso esse menino, de pai guerrilheiro, foi levado a Bogotá sob o cuidado de pessoas honradas enquanto se firmava o acordo humanitário¿, afirmaram as Farc na nota. O grupo destacou que o processo de libertação de Clara e Consuelo ¿seguirá seu curso¿.
A admissão da guerrilha ocorreu horas após a promotoria da Colômbia anunciar que um teste de DNA apontou que o menino sob proteção do governo, com o nome de Juan David Gómez, é Emmanuel. Segundo investigações, as Farc deixaram o menino aos cuidados do pedreiro José Gómez na cidade de El Retorno, no Departamento de Guaviare, em 2005. O pedreiro levou o menino doente ao serviço de saúde de um orfanato. Mas, desconfiado de maus-tratos, o serviço social manteve sua custódia e o levou a Bogotá. Nas últimas semanas, Gómez tentou recuperar o menino e acabou admitindo que ele lhe havia sido entregue pela guerrilha.
Antes do anúncio das Farc, apenas com os resultados do DNA na mão, a mãe de Clara Rojas, Clara González de Rojas, afirmou em Caracas que solicitaria a custódia do neto. ¿Estou feliz em saber que ele está livre. Mas minha felicidade ainda não é completa¿, disse Clara, que teve sua filha seqüestrada em 2002, juntamente com a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt.
As Farc reiteraram a exigência de que o governo desmilitarize dois municípios do sudoeste do país para negociar ali a troca de mais de 40 reféns políticos por 500 rebeldes presos. O grupo atribuiu o fracasso da libertação dos reféns - Clara, Consuelo e Emmanuel - às operações do Exército colombiano na região onde deveria ocorrer a entrega. Uribe negou tais operações e disse que o grupo não cumpriu sua promessa, pois já não tinha Emmanuel em seu poder.
Ainda ontem, o Exército disse ter encontrado em uma vala comum no sul da Colômbia os corpos de seis seqüestrados das Farc, que foram degolados.
Links Patrocinados