Título: Sem resultado, via-crúcis durou o ano todo
Autor: Auler, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2008, Vida&, p. A20

Com a ajuda das assistentes sociais Sabrina Batista da Silva e Tula Vieira Brasileiro, Adriana iniciou em 2007 nova via-crúcis que lhe fez imaginar que iria receber a certidão de nascimento até o fim do ano. Terminou 2007, porém, sem ser registrada.

Os cartórios só podem realizar os registros tardios de crianças com até 12 anos. Após essa idade, precisam pedir judicialmente o registro por meio do Cartório de Registro Civil. Foi o que aconteceu com Adriana.

Em janeiro do ano passado, ela foi à Defensoria Pública, que lhe encaminhou ao Detran. Só conseguiu levar o ofício ao órgão, requisitando verificação da existência de registro com os seus dados, em 19 de abril. A resposta só ficou pronta em 16 de junho - e negava a existência de registro.

Com o documento do Detran, voltou à Defensoria, em 20 de agosto. Recebeu uma maçaroca de ofícios para levar aos 14 cartórios de Registro Civil. Ela e o marido percorreram diferentes bairros do Rio, de Campo Grande a Copacabana. ¿Muitas vezes ela voltou chorando¿, lembra Alex.

Vencida a peregrinação, no início de dezembro, ao retornar à Defensoria, Adriana precisou apresentar a certidão de óbito do pai e declaração de duas testemunhas com firmas reconhecidas. Com isso, o defensor público instruiu o processo para ser encaminhado ao juiz encarregado do registro civil de Guadalupe.

Ao entregar a documentação no Cartório de Registro Civil, imaginava ter cumprido o trâmite para se tornar cidadã, mas a documentação voltou do MP com novas exigências. Os promotores questionam, entre outras coisas, se ela concordaria com uma certidão sem o nome dos pais. Ela não aceita.

¿É difícil a pessoa sozinha conseguir abrir o processo de registro tardio e acompanhar seus desdobramentos. Sem ajuda é quase impossível¿, diz a assistente social Tula Brasileiro.

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