Título: Após alerta, Brasília tem três casos suspeitos de febre amarela
Autor: Formenti, Ligia
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2008, Vida&, p. A14

Estado de saúde de morador do Lago Norte internado na 6.ª-feira piorou rapidamente, diz médico

Brasília registrou três suspeitas de febre amarela depois do alerta dado na última semana de 2007, quando macacos morreram na cidade. O caso onde há mais convicção de contaminação é o do paciente Graco Carvalho Abubakir, de 38 anos. Ele ingressou no hospital sexta-feira, apresentando dores no corpo e de cabeça, diarréia e náuseas - sintomas da infecção. Morador do Lago Norte, Abubakir não é vacinado contra a doença.

Entre os dias 29 de dezembro e 1º de janeiro, ele fez passeios em cachoeiras de Pirenópolis, cidade a 150 quilômetros de Brasília. Nos dois casos restantes, a hipótese de infecção é mais remota. ¿Vamos aguardar o exame laboratorial. Mas pela avaliação clínica, há menos suspeitas de ser febre amarela¿, afirmou o secretário de Saúde do Distrito Federal, José Geraldo Maciel.

O segundo caso registrado é de uma mulher, de 29 anos, que vive em um assentamento rural. Ela foi internada dia 5, com mal-estar, dores abdominais e febre. A suspeita maior, porém, é de que a mulher tenha leishmaniose visceral. O terceiro paciente, de São Sebastião e com 34 anos, foi internado dia 4 e morreu no dia seguinte. Análises preliminares descartam, porém, a ocorrência de febre amarela. ¿Mas não podemos ser displicentes. Só iremos descartar a suspeita depois do exame laboratorial. Todos os testes ficam prontos até o fim da semana¿, afirmou o secretário.

O infectologista do Hospital Santa Luzia, Henrique Marconi, informou que o estado de saúde de Abubakir piorou rapidamente. ¿Quando ele chegou, ainda conseguia conversar. À noite, já estava respirando por aparelhos. Passamos a realizar exames a cada seis horas e observamos um quadro grave, de evolução dramática.¿ Boletim médico divulgado ontem à tarde informa que Abubakir tem síndrome de disfunção de múltiplos órgãos: insuficiência hepática, respiratória e renal.

A febre amarela é transmitida por mosquitos infectados. Desde 1942, o Brasil não registra casos urbanos da infecção. Persistem no País, porém, os casos de febre amarela silvestre. A doença é transmitida por dois mosquitos presentes nas matas que contaminam macacos. Quando homens não vacinados ingressam nessas regiões, também podem ser infectados pelo mosquito. De 1996 até 2007, houve 349 casos e 161 mortes.

A transmissão urbana da doença ocorre por meio do Aedes aegypti, inseto que também transmite a dengue.

Entre 2006 e 2007, 44 municípios de Goiás e o DF registraram mortes suspeitas de macacos. ¿Por enquanto não há risco de epidemia¿, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Gerson Penna. Mas 300 mil doses da vacina foram remanejadas para a região Centro-Oeste.

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