Título: Casos de fraude vão ser monitorados
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/01/2008, Nacional, p. A8

Julgamento de quadrilhas será acompanhado em tempo real

O governo firmará convênio com o Judiciário para que a Polícia Federal acompanhe em tempo real o julgamento de quadrilhas processadas por fraudes em licitação. Isso permitirá corrigir rapidamente falhas de investigação, ouvir testemunhas ou realizar diligências pedidas pelo Ministério Público ou o juiz, o que hoje envolve muita burocracia e atrasa os julgamentos.

É o que ocorre, por exemplo, com o processo da Operação Navalha, que desmantelou em 2007 um grupo especializado em fraudar obras públicas. Seis meses após a conclusão do inquérito, o Ministério Público Federal não ofereceu a denúncia contra os envolvidos, alegando detalhes burocráticos. Devido ao recesso do Judiciário, a denúncia só deverá chegar em fevereiro.

Ao todo, há 46 indiciados no inquérito da PF, acusados de fraude em licitações, corrupção, tráfico de influência, superfaturamento de obras e desvio de dinheiro público, além de formação de quadrilha e outros crimes. O chefe da quadrilha, conforme as investigações, seria Zuleido Veras, um dos presos e dono da construtora Gautama.

A partir do segundo semestre, o Ministério da Justiça vai expandir o sistema para os governos estaduais, a fim de nacionalizar o combate à corrupção e ao desvio de dinheiro público. O sistema estará à disposição dos órgãos de investigação policial, fiscalização e prestação jurisdicional, como as Secretarias de Segurança, Tribunais de Justiça, Polícia Civil e Ministério Público.

O objetivo é dar celeridade aos Estados no combate às fraudes em licitação, fator de elevação do custo Brasil e um dos maiores entraves ao desenvolvimento do País. Uma pesquisa em 3 mil páginas de documentos, em busca de provas, toma em média cinco dias de um investigador experiente. Com a aplicação do programa, essa pessoa levará de dez a vinte minutos para obter o mesmo resultado.

¿O policial perderá menos tempo coletando provas e terá mais tempo para analisar e melhorar a qualidade dessas provas¿, prevê Emmanuel Oliveira, chefe da Divisão de Doutrina Policial da PF. ¿Mas não elimina as demais etapas do trabalho policial, como o monitoramento, a campana e o rastreamento financeiro.¿

Links Patrocinados