Título: Captação de R$ 33,4 bi da poupança em 2007 é a maior da história
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/01/2008, Economia, p. B1

Aumento de renda levou classes D e E a poupar e queda do juro incentivou classe média a migrar para caderneta

A caderneta de poupança encerrou 2007 com o melhor resultado da história. Em tempos de aumento da renda e queda do juro, o brasileiro voltou a encarar a caderneta como alternativa de investimento.

A ausência de taxas de administração e a isenção do Imposto de Renda são os maiores atrativos. No ano, os depósitos superaram os saques em R$ 33,4 bilhões. O valor é cinco vezes maior que o resultado de 2006 (R$ 6,5 bilhões).

Conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), o resultado recorde foi proporcionado pelos depósitos de R$ 1,03 trilhão e retiradas de R$ 995,1 bilhões. Com o aumento de mais de R$ 33 bilhões, o saldo de todas as cadernetas atingiu R$ 235,3 bilhões no fim de 2007. O valor é 25,18% maior que o de 2006.

O recorde também foi registrado no resultado de dezembro, quando a captação somou R$ 9,1 bilhões, maior cifra para um único mês na história.

Especialistas dizem que o forte resultado pode ser explicado pelo aumento da renda e queda dos juros. Juntos, esses fatores têm levado clientes das classes D e E a poupar mais e feito com que alguns investidores de classe média saiam dos fundos de renda fixa de volta para a poupança.

¿Na classes D e E, o aumento da massa salarial tem feito sobrar mais dinheiro no final do mês¿, diz o administrador de investimentos Fabio Colombo. ¿Já entre clientes de parte da classe média, muita gente que estava em fundos de investimento com altas taxas de administração, como 4% ou 5%, tem voltado para a poupança, porque ela não tem taxa nem IR.¿

Para o superintendente-geral da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Pereira Gonçalves, o ano de 2007 terminou com uma mudança na imagem das cadernetas. ¿Com a Selic menor, a rentabilidade de parte dos fundos de renda fixa passou a ficar com apenas um dígito. Isso diminuiu muito a vantagem na comparação com a poupança e a diferença não é mais perceptível¿, diz.

Outro ponto que tem pesado a favor da poupança é facilidade de investimento. ¿Fizemos uma pesquisa que mostrou que o cliente acha, muitas vezes, complicado aplicar em fundos, já que existem vários perfis e condições que variam de banco para banco. Para o cliente que prefere evitar essa complexidade, a poupança é como uma velha conhecida, já que é igual em todas as instituições¿, diz Gonçalves.

Para 2008, o crescimento da economia deve manter o fluxo de depósitos para as cadernetas, avaliam os especialistas. O resultado, contudo, deve ser menor que o recorde de 2007. Apenas uma eventual mudança na política monetária poderia reverter o cenário positivo. Se, por exemplo, a inflação permanecer pressionada e o BC for obrigado a elevar a taxa Selic, a caderneta perderia competitividade frente aos fundos de renda fixa.

DESEMPENHO

Em 2007, a caderneta rendeu 7,70%, bem acima da inflação de 4,39% estimada pelo mercado para o ano. Mas, entre as aplicações de renda fixa, o rendimento da poupança foi suficiente apenas para superar o do Certificado de Depósito Bancário (CDB) emitido para pequenos investidores, que renderam 7,34% líquidos em 2007, e ficar muito próximo ao dos fundos de investimento que captam pequenas quantias e possuem taxa de administração de 4% a 5%: esses fundos renderam 7,79% líquidos, em média.

Para quantias maiores, acima de R$ 10 mil, o investidor recebeu melhor remuneração que na caderneta: na média, fundos de renda fixa pagaram 10,08% líquidos em 2007 e fundos DI, 9,73%, também após o desconto do IR.

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