Título: Davos vai debater o pós-CPMF brasileiro
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2008, Economia, p. B6

Cortes de gastos e reação do governo interessam a investidores

O fim da CPMF e como o governo vai compensar as perdas no orçamento fará parte dos debates do Fórum Econômico Mundial de Davos, marcado para os dias 23 a 27 deste mês na Suíça. Os organizadores acreditam que empresários, bancos e principalmente investidores estrangeiros vão querer saber das autoridades brasileiras detalhes do impacto do fim da CPMF nos planos de gastos do governo e do futuro dos projetos lançados por Brasília.

Neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não irá ao evento, apesar de convidado. Mas pelo menos quatro ministros e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, estarão no Fórum Econômico, na estação de esqui dos Alpes.

Entre os ministros presentes estará o da Educação, Fernando Haddad, uma das pastas que poderiam ser atingidas pelo corte de verbas após o fim da CPMF. Outro já confirmado é o chanceler Celso Amorim. O único presidente latino-americano que confirmou presença é Álvaro Uribe, da Colômbia, que tentará desmistificar a idéia de que a violência em seu país impede investimentos estrangeiros.

Mas, segundo os organizadores, a questão da CPMF não será a única a chamar a atenção no governo Lula. Para o especialista em América Latina do Fórum, Emílio Lazoya, 2008 será um ¿ano-teste¿ para o Brasil e sua capacidade de obter o status de grau de investimento.

¿Todos estarão observando o País e sua capacidade de lidar com a situação internacional¿, afirmou. Lazoya aposta na obtenção do grau de investimento. ¿Isso significaria uma mudança profunda para toda a América Latina.¿ Segundo ele, com o México já com o status e Colômbia e Peru também no caminho de obter o reconhecimento, dois terços da economia latino-americana estariam no ¿grupo de elite¿ para os investidores internacionais.

Em sua avaliação, o encontro em Davos ainda consolidará a visão entre os empresários de que a América Latina conseguiu reduzir sua dependência em relação à situação econômica nos Estados Unidos. ¿Há dez anos, se ocorresse esse clima financeiro nos Estados Unidos, o impacto nas economias latino-americanas seria bem diferente. Hoje, há uma percepção clara entre os empresários estrangeiros de que a forma de fazer política na região mudou, amadureceu e planos podem ser feitos¿, disse o especialista.

¿Acreditamos que haverá uma pequena queda no ritmo de crescimento da região em 2008. Mas, ainda assim, a taxa ficará entre 4% e 5%, o que historicamente é algo muito positivo e ainda mantém os ganhos dos últimos anos¿, afirmou Lazoya.

KASSAB

O governo federal não será o único representante do Brasil no evento. Davos convidou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que aproveitará a ocasião para tentar mostrar que a cidade conta com infra-estrutura adequada para novos investimentos estrangeiros. ¿Hoje, o grande desafio em muitas regiões do mundo é como transformar as grandes cidades em projetos viáveis. Na América Latina, 75% da população vive em centros urbanos e as decisões locais têm um peso enorme na vida dessas pessoas¿, afirmou Lazoya.

Davos ainda quer saber de Kassab como a cidade pretende lidar com a questão da água e sobre o abastecimento para a população nos próximos anos.

FRASES

Emílio Lazoya Especialista em América Latina do Fórum de Davos

¿Todos estarão observando o País e sua capacidade de lidar com a situação internacional¿

¿Há dez anos, se ocorresse esse clima financeiro nos EUA, o impacto nas economias latino-americanas seria bem diferente. Hoje, há uma percepção clara entre os empresários estrangeiros de que a forma de fazer política na região mudou¿

¿Acreditamos que haverá uma pequena queda no ritmo de crescimento da região em 2008. Mas, ainda assim, a taxa ficará entre 4% e 5%, o que é algo muito positivo¿

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