Título: Fundos querem mais poder na Oi
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2008, Economia, p. B10
Eles temem que Carlos Jereissati e Sérgio Andrade ganhem muito poder ao reestruturar a Oi e comprar a BrT
Os fundos de pensão estão negociando um aumento de sua participação na megaempresa de telecomunicações que surgirá a partir da compra da Brasil Telecom (BrT) pelo Grupo Oi. A idéia é reduzir a diferença de tamanho com relação a outros acionistas, principalmente a Andrade Gutierrez (AG)e a La Fonte Participações. Para isso, as fundações discutem a compra de uma fatia acionária do BNDES no negócio.
Conheça o perfil das companhias Oi e Brasil Telecom
Ontem, representantes dos seis acionistas que deverão formar o bloco de controle da nova empresa reuniram-se no Rio para discutir o acordo de sócios e as regras internas. Caso os entendimentos evoluam, deverão integrar o bloco da megaempresa a La Fonte, do empresário Carlos Jereissati, a AG, o BNDES, além da Previ, Petros e Funcef, fundações do Banco do Brasil, Petrobrás e Caixa Econômica Federal (CEF).
A La Fonte e a AG devem se tornar os principais controladores do novo grupo. Num primeiro momento, as duas empresas devem comprar a parte da GP Investimentos no Grupo Oi - avaliada em US$ 500 milhões. Em um segundo momento, a Oi deverá assumir o controle da Brasil Telecom, ao comprar por cerca de R$ 4,85 bilhões a parte dos fundos de pensão de estatais e do Citi na empresa. As operações deverão ser financiadas pelo BNDES.
Os fundos de pensão não querem ficar com pequeno peso dentro do bloco de controle. Uma das versões é de que, caso não cheguem a um acordo, as fundações poderiam até a vender sua participação na Oi e ficar de fora da nova empresa. Essa, contudo, não é a tendência natural, na avaliação de observadores do negócio. Na quarta-feira, representantes dos fundos e do BNDES reuniram-se na sede do banco para tratar do controle na nova empresa.
Alguns dos temas do encontro foram a definição de quais assuntos da gestão da Oi que teriam de ser necessariamente levados ao conselho de administração da nova empresa e o quórum mínimo para a decisão de assuntos relevantes. Uma das preocupações dos fundos é que apenas dois acionistas não decidam tudo na supertelefônica.
Ontem, ainda, a TmarParticipações - holding da Oi - enviou comunicado à Comissão de Valores Mobiliários, confirmando que está negociando com os controladores da BrT e as conversas ¿se intensificaram nas últimas horas, não tendo sido firmado documento de qualquer natureza até o momento¿.
Informações de fontes que acompanham os entendimento dão conta que os valores finais da venda do controle da Brasil Telecom ainda estão sendo detalhados e deverão chegar a R$ 4,85 bilhões - valor relativo à holding Solpart, controladora da BrT. Além do acerto final de valores e do desenho do bloco de controle, falta contornar questões regulatórias para a compra da BrT sair do papel. Teria de haver um decreto presidencial para mudar a lei e permitir a união das duas empresas. O governo deu sinais que a medida será tomada rapidamente.
Na prática, a formação da nova companhia se dará em várias frentes. Segundo o plano original, o Citi e o Opportunity (que estão na BrT e Oi) e o GP (controladora da Oi) ficarão fora da nova empresa. Em paralelo à aquisição do controle da BrT - que é exercido pelo Citi, Opportunity e fundos -, os controladores da Oi comprarão a fatia da GP na Oi. A estrutura acionária da ex-Telemar vai ser simplificada, ainda, com a extinção da Lexpart, empresa formada pelo Citi, Opportunity e fundos. A Lexpart participa como investidor no controle da Oi e sua fatia acionária também seria, em princípio, comprada pelos sócios.
Os investidores reagiram ao anúncio das negociações. As ações PN da Tmar Participações subiram 13,6%, enquanto os papéis ON avançaram 10,4%, com a perspectiva de crescimento da empresa. As ações da Br Telecom ON subiram 7,14% e os preferenciais caíram 4,54%.
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