Título: Negócios de Lobão só prosperam
Autor: Fontes, Cida
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2008, Nacional, p. A4

Filho do senador teria comprado emissora por US$ 1 milhão em 1991

Os negócios da família do senador Edison Lobão (PMDB-MA), indicado para assumir o comando do Ministério de Minas e Energia, prosperaram nos últimos dez anos, depois de ter sido governador do Maranhão. Ele comandou o Estado entre 1991 e 1994, com o apoio de seu maior padrinho político, o também senador José Sarney (PMDB-AP). Seu filho Edison Lobão Filho, que assumirá sua cadeira como suplente pelo DEM do Maranhão, caso ele seja nomeado, é o melhor exemplo de como os negócios da família cresceram nesse período.

Conhecido como Edinho, ele foi levado para o governo pelo pai em 1991, como seu secretário particular. Um político que na época integrava o mesmo grupo relatou que Lobão Filho era responsável por todas as decisões do governo e principalmente por contratações.

Foi nesse período, segundo apurou o Estado, que filho do senador negociou a compra do Sistema Difusora de Rádios e TV - o segundo maior do Estado, perdendo apenas para o grupo Mirante, da família Sarney. A empresa, que hoje é retransmissora do SBT no Estado, foi adquirida do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). O negócio teria custado US$ 1 milhão.

Na época, Lobão Filho justificou o patrimônio dizendo que acumulara dinheiro com uma padaria que tinha na região de Serra Pelada. Essa explicação lhe rendeu o apelido de ¿Edinho dos pães de ouro¿, segundo políticos locais.

A marca Difusora expandiu os negócios. A família tem atuado no ramo da construção, como uma incorporadora, erguendo prédios nos pontos mais caros da capital. Também já participou do setor de venda de carros, com uma grande revendedora da Ford em Imperatriz (maior cidade do interior), e foi cotista da empresa Cayman de destilaria, que já foi uma das maiores devedoras do INSS no País. Os Lobão também são conhecidos por serem os distribuidores da Schincariol no Estado.

AMIZADES

Nascido em Mirador, no interior do Maranhão, Lobão sempre teve vida modesta e chegou a ser professor, antes de ir para Brasília. Entrou para a política ao se aproximar do então presidente Ernesto Geisel (1974 a 1979), durante o regime militar.

Sua primeira eleição, em 1979, para o cargo de deputado federal, foi influenciada diretamente por essa amizade. Pouco conhecido em seu Estado, até então, Lobão era um novato discreto, mas visto como alguém com bons contatos em Brasília. Como jornalista, tinha trabalhado no jornal Correio Braziliense, mas também na revista Maquis, do udenista Amaral Netto. Em 1983, com relações já consolidadas com Sarney, Lobão reelegeu-se deputado. Em 1987, conquistou uma vaga no Senado.

Em 1990, quando foi lançado candidato ao governo do Maranhão, Lobão contou com apoio direto de Sarney, após convencê-lo de que seu nome era o melhor para substituir Sarney Filho na disputa, e enfrentar o principal candidato, João Castelo, que contava com o apoio de Fernando Collor. Lobão levou a eleição para o segundo turno por poucos votos e acabou virando o favoritismo de Castelo graças à presença de Sarney.

POLÊMICA

Apesar de não colecionar inimigos políticos, ele sempre causou polêmica, como em 1985, na disputa do PDS (antiga Arena) para indicar o candidato à Presidência da República. O partido tinha dois pretendentes: Sarney e Paulo Maluf. Apesar de já ser aliado de Sarney, Lobão preferiu apoiar Maluf, que venceu a disputa e foi o candidato oficial no Colégio Eleitoral. Outros episódios polêmicos foram o apoio de Lobão à candidatura de Silvio Santos para a Presidência ou, já no Senado, sua defesa da liberação dos cassinos.

Muito ligado a Sarney no Maranhão, Lobão tem uma carreira cheia de pequenos pontos ainda não explicados. Como em 1988, quando teria votado duas vezes no lugar do deputado Sarney Filho (PV-MA), ausente do plenário, na sessão do Congresso Constituinte de 9 de fevereiro. O caso foi arquivado por falta de provas.

Em 1993, seu nome chegou a ser citado pelo economista José Carlos Alves dos Santos por ter supostamente negociado a liberação de verbas do então líder do esquema dos anões do Orçamento, deputado João Alves (PPR-BA). Ele negou tudo.

O senador ainda é alvo de uma acusação da Procuradoria-Geral da República, pelo desmatamento de uma área de preservação em Brasília. Procurados, Lobão e o filho não foram localizados.

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