Título: Jovem de SP pega febre amarela em MS
Autor: Formenti, Ligia
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2008, Vida&, p. A26

Moradora da zona sul teria sido contaminada em viagem; autoridades descartam necessidade de vacinação

O Ministério da Saúde confirmou ontem que uma moradora da zona sul de São Paulo contraiu febre amarela silvestre, durante viagem de ecoturismo que fez em Mato Grosso do Sul. É o segundo caso confirmado no País. O primeiro caso foi o do administrador de empresas Graco Abubakir, de 38 anos, que morreu em um hospital de Brasília na segunda-feira.

¿Não há risco de transmissão de febre amarela na cidade de São Paulo e nem necessidade de vacinação dos moradores da zona sul¿, atestou, por meio de nota oficial, a Secretaria Municipal de Saúde. A paciente, de 34 anos, que não teve seu nome divulgado, está internada desde o domingo no Hospital São Luiz do Morumbi. ¿Todas as medidas preventivas já foram executadas, tais como eliminação de possíveis criadouros de larvas do mosquito transmissor da doença e busca ativa de pessoas com sintomas de febre amarela. Também está sendo feita a nebulização (aplicação de inseticida) na região (sul)¿, diz a nota da secretarial. As ações de prevenção estão sendo tomadas num raio de 600 metros do local de moradia da paciente e atendem recomendação técnica do Ministério da Saúde.

A paciente passou os últimos dias de 2007 em Mato Grosso do Sul, onde visitou um parque ecológico e alimentou macacos. Ainda na nota é destacado que a vacinação contra febre amarela é indicada apenas para as pessoas que forem viajar para áreas consideradas de risco de transmissão da doença. A imunização deve ser feita dez dias antes da viagem e o período de proteção é de dez anos.

O número de casos suspeitos também subiu, ao longo da semana. Até o momento, o ministério registrou 15 notificações, procedentes dos Estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal. Três casos foram descartados, dois foram confirmados e o restante está ainda em investigação.

Com o aumento do número de notificações, o ministério preparou um protocolo para que serviços de saúde saibam identificar um caso suspeito: pessoas com febre aguda, acompanhada de icterícia ou hemorragia, que vive ou visitou área de risco para febre amarela silvestre nos últimos 15 dias e que não tenha sido vacinada contra a doença nos últimos dez anos.

Foi recomendada ainda a borrifação com inseticidas em criadouros do Aedes aegypti (o mesmo da dengue), em áreas urbanas próximas dos locais onde foram constadas mortes de macacos. A medida tem como objetivo reduzir o risco de uma eventual contaminação do mosquito pelo vírus da febre amarela. Se contaminado, o Aedes aegypti pode também transmitir febre amarela para humanos, provocando a febre amarela urbana. Desde 1942, o Brasil não registra casos desse tipo da doença.

SOB SUSPEITA

A Secretaria de Saúde de Goiás deverá divulgar na segunda-feira o laudo sorológico de isolamento viral que indicará se foi febre amarela a causa da morte da aposentada Maria Geraldina Siqueira da Silva, ocorrida na quarta-feira em Ceres (GO). Moradora de Mogi das Cruzes (SP), Maria havia visitado parentes no fim do ano nas cidades de Rubiataba, Ceres e na vizinha Rialma, áreas consideradas de risco pela morte de macacos.

¿Trabalhamos com a hipótese de febre amarela, por causa de alguns sintomas que ela apresentou¿, afirmou Magna Maria de Carvalho, gerente de Vigilância Epidemiológica da Superintendência de Políticas de Atenção Integral da Secretaria de Saúde. ¿Mas os sintomas são semelhantes aos de dengue, leptospirose ou hantavirose. Por isso precisamos esperar o laudo definitivo.¿

MACACOS

No balanço da Secretaria de Saúde de Goiás, 52 dos 246 municípios goianos registraram a morte de macacos com suspeita de febre amarela (epizootia), segundo Maria Lúcia Carnelosso, secretária interina da Saúde.

De dezembro para cá, também houve registro de mortes suspeitas de macacos em 24 pontos do Distrito Federal e em 6 cidades de Minas Gerais. Até o momento, quatro casos de febre amarela silvestre foram confirmados em macacos.

Ontem foi concluído exame em insetos coletados no Parque Nacional de Brasília. Não foi constatada a presença de vírus nos insetos. O parque havia sido fechado dias depois do Natal, diante do registro de mortes de macacos com febre amarela. Testes feitos nas vísceras de um dos macacos descartou a infecção pelo vírus que provoca a doença. Nos mosquitos, também não foi detectada a presença do vírus.

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