Título: Impacto é maior na baixa renda
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2008, Economia, p. B3

Em 2007, alta de 5,16% para quem ganha até 6 mínimos

As despesas das famílias mais pobres cresceram mais no ano passado, segundo mostram os dados de inflação divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação de preços para a camada da população com renda de 1 a 6 salários mínimos, subiu 5,16% em 2007. A taxa foi superior à do IPCA (4,46%), índice oficial que abrange famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de preços do IBGE, os produtos alimentícios, vilões da inflação no ano passado, têm peso bem superior no INPC em relação ao IPCA.

Por essa razão, as famílias de menor renda foram mais castigadas com a escalada de reajustes em produtos como carne e feijão no ano passado.

O grupo de alimentação e bebidas contribuiu com mais de 60%, ou 3,24 pontos porcentuais do INPC total de 2007. Desde 2004, o INPC vinha registrando variações anuais abaixo do IPCA. Em 2006, a inflação para a população mais pobre foi de 2,81%, enquanto a inflação oficial ficou em 3,14%.

VALOR AGREGADO

O sócio-diretor da empresa de pesquisa DataPopular, Renato Meirelles, lembra que o impacto do preços dos alimentos sempre foi maior no consumo das classes de baixa renda. ¿A participação dos alimentos nas classes D e E pesa entre 30% e 36% no total do orçamento familiar, ante 10% nas faixas A e B, explica Meirelles.

O aumento da demanda entre os mais pobres foi impulsionado, como enumera Meirelles, por três fatores: expansão do crédito, sucesso da implantação do Bolsa-Família, e aumento do salário mínimo acima da inflação.

Todos esses fatores reunidos também fizeram com que a população de renda mais baixa migrasse para o consumo de produtos de maior valor agregado, como apontam pesquisas qualitativas promovidas no DataPopular. ¿Cerca de 70% dos 10,5 milhões de computadores vendidos no País foram para os mais pobres.¿

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