Título: Apesar da troca, ministra deve manter 3 dos seus 4 afilhados
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2008, Nacional, p. A4

Prestígio de Dilma segue alto e só Hubner perderá vaga para o PMDB

Dos quatro técnicos do setor elétrico de absoluta confiança da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apenas o atual ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, não tem a garantia de que ficará no cargo que ocupa, o de secretário-executivo da pasta. Outros três nomes ligados à ministra petista, todos em postos-chave no setor de energia, devem ficar, apesar de o ministério ter sido entregue ontem ao PMDB. Com isso, Dilma manterá a grande influência que tem nos setores de energia e de petróleo.

Um dos integrantes da tropa de choque da ministra é Maurício Tomalsquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com sede no Rio. Tolmasquim chegou ao governo em 2003, para ser secretário-executivo de Dilma no Ministério de Minas e Energia. Só saiu do cargo para assumir a presidência da EPE, órgão subordinado ao ministério, com a incumbência de fazer o planejamento do setor.

Dentre as atribuições da Empresa de Pesquisa Energética está a de decidir quais usinas serão leiloadas. Tolmasquim foi, também, um dos principais formuladores do modelo energético implantado durante o governo petista.

O segundo nome de confiança da ministra da Casa Civil que deverá permanecer no cargo é Márcio Zimmermann, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético. Também está no governo desde 2003, mas não foi o primeiro titular da Secretaria de Planejamento. Ele assumiu o cargo ainda na gestão de Dilma à frente do ministério, no lugar de Amilcar Guerreiro, que foi para a EPE.

GAUTAMA

Na ânsia de ficar com o ministério, o PMDB chegou a apadrinhar Zimmermann e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu mostras de que poderia efetivá-lo no lugar do ex-ministro Silas Rondeau, que se demitiu depois de ser apontado pela Polícia Federal como suspeito de ter recebido propina do empreiteiro Zuleido Veras, dono da construtora Gautama.

Por fim, Dilma deverá assegurar para o pupilo Ronaldo Schuck a Secretaria de Energia Elétrica. Como os outros dois, Schuck entrou para o governo petista no ano de 2003, a convite da então ministra.

Cabe a Schuck monitorar a expansão dos sistemas elétricos para garantir o equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia, monitorar o desempenho dos sistemas de geração, transmissão e distribuição, além da expansão dos sistemas elétricos e do desempenho das operações do ministério.

A dúvida quanto à permanência de Hubner como secretário-executivo está no fato de ele ocupar a segunda função do ministério, o que o levou a se tornar ministro interino de Minas e Energia por quase um ano.

Como Hubner é ligado ao PT e o ministério foi entregue aos peemedebistas, a tendência é o novo ministro, Edison Lobão, convidar um nome ligado a ele e ao seu partido para comandar a Secretaria-Executiva. Hubner deverá ser aproveitado em algum outro cargo, também no setor de energia.

ELETROBRÁS

Fortalecida em meio à queda-de-braço com o PMDB - partido estratégico para a base de Lula -, Dilma gostaria de manter Valter Cardeal na presidência da Eletrobrás.

O PMDB do senador José Sarney (AP) e do deputado Jader Barbalho (PA), no entanto, trabalha para fazer do protegido Astrogildo Quental o presidente da empresa. Os investimentos da Eletrobrás neste ano devem ficar em torno de R$ 5 bilhões.