Título: De 15 suplentes, 5 já foram investigados
Autor: Mendes, Vannildo; Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2008, Nacional, p. A4

Filho de Lobão estaria envolvido com sonegação de R$ 60 milhões

Eles chegam ao Senado sem votos. Mas trazem problemas. Edison Lobão Filho (DEM-MA), o Edinho, que assumirá o lugar do pai, senador Edison Lobão (PMDB-MA), confirmado ontem para o Ministério de Minas e Energia, não é o único suplente com contas a acertar na Justiça. Dos 15 suplentes hoje no exercício do mandato parlamentar, 5 têm algum tipo de pendência com a lei.

Edinho é acusado de participação num esquema de sonegação que fez desaparecer milhares de notas fiscais de empresas entre 1993 e 1999 dos computadores do Fisco maranhense, causando prejuízo de cerca de R$ 60 milhões. O filho do novo ministro nega as acusações. Caso assuma, deve sofrer processo de expulsão do seu partido.

O DEM ameaça se unir ao PSDB numa cruzada contra pai e filho, que pode respingar no governo Lula. Para complicar ainda mais, o segundo suplente, Remi Ribeiro, responde a processo por peculato e apropriação indébita de dinheiro público. Ele também nega as acusações.

Há no Senado suplentes acusados de desvio de dinheiro público, fraude em licitações, golpe financeiro e sonegação de impostos. Os campeões de pendências judiciais são os senadores Wellington Salgado (PMDB-MG), alvo em três inquéritos, e Gim Argello (PTB-DF), acusado de envolvimento na quadrilha, desmantelada pela Operação Aquarela, que causou a renúncia do titular, o Joaquim Roriz (PMDB-DF).

Chefe da tropa de choque do ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), Salgado é suplente de Hélio Costa, ministro das Comunicações. É alvo de ação popular na Justiça de Goiás para que devolva um terreno, que teria sido obtido de forma irregular pela universidade de sua família, a Universo.

Avaliado em mais de R$ 4 milhões, o terreno foi cedido pela Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (Cnec), entidade filantrópica na época presidida por Renan. Acusado ainda de crime tributário e aposentadoria irregular, o senador alega inocência das acusações.

Argello, por sua vez, é investigado por grilagem de terras, recebimento de propina e pela acusação de desvios de R$ 1,7 milhão na Câmara Legislativa do DF, no período que presidiu a Casa, há cinco anos. Ele nega.

Flexa Ribeiro (PSDB-PA) chegou a ser preso em 2004, na Operação Pororoca, que apurou fraudes em licitações no Norte do País. Neuto de Conto (PMDB-SC) é acusado de crime contra o sistema financeiro nacional e gestão fraudulenta de instituição financeira. Ele alega que o inquérito foi arquivado por falta de provas. O inquérito mais brando é contra Valter Pereira (PMDB-MS), por crime contra a pessoa, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os suplentes, dois ocuparam os lugares de titulares falecidos - Antônio Carlos Magalhães (BA) e Ramez Tebet (MT) - e quatro ocupam a vaga de convidados para o ministério de Lula (Marina Silva, Hélio Costa, Alfredo Nascimento e Régis Fishtner). Um ocupa a cadeira do ex-senador João Capiberibe (AP), cassado. Os outros oito estão no lugar de senadores que renunciaram aos mandatos.