Título: Duda supôs que o PT tivesse caixa 2
Autor: Leandro, Paulo; Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2008, Nacional, p. A6

À Justiça, ele admite também ter pensado que Valério fosse um preposto

Na primeira audiência de Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, no processo em que o Supremo Tribunal Federal (STF) os considera réus (junto com outras 38 pessoas) pela acusação de lavagem de dinheiro e evasão de divisas no caso do mensalão, o publicitário afirmou ontem que foi o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares quem o apresentou ao empresário Marcos Valério e ele impôs a condição de receber o dinheiro no exterior. Duda disse que, na época, ¿supôs que o dinheiro fosse de caixa 2 do PT, dinheiro não contabilizado¿ e que Valério ¿fosse um preposto, um agente financeiro do PT que estava gerindo dinheiro não contabilizado¿.

Segundo Duda, abrir a conta no exterior foi a única forma de receber pelos serviços prestados em campanha eleitoral. O publicitário disse que recebeu do PT R$ 22 milhões dos R$ 32,5 milhões a que teria direito.

Duda voltou a negar em depoimento à Justiça Federal da Bahia o envolvimento nos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas no caso do mensalão e anunciou que vai abrir uma empresa de consultoria política. Declarou ser ¿honesto¿ ao juiz da 17ª Vara Federal, Cristiano Santana, não ter mágoa do PT e que vai continuar trabalhando em campanhas eleitorais.

Zilmar Fernandes confirmou à Justiça ter sido orientada por Delúbio a procurar Valério para receber o pagamento.

O advogado de Duda, Tales Castelo Branco, afirmou que seu cliente agiu para defender seus interesses. ¿O PT exigiu que ele abrisse a conta ou então seria o calote¿, sustentou. O publicitário disse já ter recolhido à Receita Federal R$ 4,3 milhões de multa por ter omitido os valores referentes a seus rendimentos.