Título: Fluxo cambial tem déficit de US$ 2,18 bi
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2008, Economia, p. B3
Retiradas de estrangeiros explica resultado negativo até o dia 11
O agravamento da crise financeira nos Estados Unidos inverteu o fluxo de dólares no início do ano no Brasil. Nas duas primeiras semanas de janeiro, o fluxo cambial - saldo da entrada e saída de moeda estrangeira em operações comerciais e financeiras - ficou negativo em US$ 2,180 bilhões. No mês anterior e em janeiro de 2007, o resultado foi positivo. A saída de investidores estrangeiros, principalmente da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), explicaria os números.
O resultado até o dia 11 foi determinado pelo setor financeiro, que teve fluxo negativo de US$ 3,495 bilhões. A contribuição da balança comercial foi positiva em US$ 1,315 bilhão, mas insuficiente para cobrir a retirada de bancos e corretoras. Em dezembro entraram US$ 5,397 bilhões e em igual período de janeiro de 2007 (oito primeiros dias úteis do ano), US$ 3,088 bilhões.
¿O resultado é fruto do sentimento negativo gerado pelo agravamento das perspectivas da economia internacional. Para os estrangeiros, esse é um período de rever posições e muitos têm saído de mercados emergentes para cobrir prejuízos nos seus países de origem, em especial nos EUA¿, diz o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto.
A saída do estrangeiro tem ocorrido em segmentos específicos. Segundo o diretor da Modal Asset Management Alexandre Póvoa, o mercado de ações é um dos que mais têm sofrido. Dados da Bovespa mostram que investidores estrangeiros retiraram US$ 883 milhões entre 2 a 10 de janeiro. ¿Muitos investidores têm preferido sair da Bolsa e retornar o dinheiro para o país de origem para esperar a turbulência passar. Enquanto isso, ele aguarda na renda fixa¿, diz Póvoa.
Mesmo assim, ele não demonstra preocupação. ¿É importante observar que isso não tem nada a ver com o Brasil¿, afirma, ao citar que os fundamentos brasileiros não tiveram modificações expressivas recentemente.
O economista-chefe do Schahin avalia que a economia ainda deve sofrer com as turbulências externas. ¿Os números devem oscilar conforme o noticiário. Quando houver agravamento, a saída será mais intensa. Quando houver otimismo, pode haver entrada.¿ Para Campos Neto, só será possível fazer uma avaliação mais clara sobre o comportamento da economia a partir do fim do primeiro trimestre, quando mais indicadores estiverem disponíveis.