Título: Um problema grave nos EUA não é bom para ninguém
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2008, Economia, p. B6

Para Meirelles, crise determinará desempenho do Brasil, mas País pode ser menos afetado que outros O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o crescimento da economia brasileira neste ano vai depender muito do impacto da crise econômica nos Estados Unidos. ¿Se os EUA tiverem um problema grave, isso não é bom para ninguém, vai afetar todo mundo, inclusive o Brasil¿, declarou Meirelles. ¿Mas o Brasil pode até ser menos afetado que outros países, pois o crescimento hoje é impulsionado pela demanda interna. O Brasil vai bem e está menos dependente dos mercados internacionais.¿

Na avaliação do presidente do BC, que ontem participou de um simpósio sobre as relações Brasil-Japão, os efeitos dos problemas no nível de atividade na economia americana podem ser sentidos pelo Brasil não só pelas exportações para os EUA, mas também nas importações feitas pela maior economia do planeta. Eventualmente, ainda de acordo com Meirelles, uma recessão americana também pode afetar os preços das commodities.

Meirelles destacou, contudo, que os Estados Unidos são a maior economia do mundo e a crise pode ter repercussões negativas em todo o planeta. ¿Estamos analisando com bastante atenção os desdobramentos da crise econômica nos Estados Unidos, mas não há ainda nenhuma necessidade específica de adotar medidas de impacto¿, disse Meirelles, ao comentar as declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, segundo as quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o orientou a adotar medidas para conter os efeitos da crise americana no Brasil, caso sejam necessárias.

¿O mercado de reais não tem enfrentado problemas que outros países enfrentaram em suas moedas locais. Portanto, não vemos necessidade de medidas pontuais nessa área, e a mesma coisa pode-se dizer também do mercado de dólares no Brasil, que está normal.¿

Segundo o presidente do BC, o que as autoridades do governo precisam fazer neste momento é olhar à frente e aprender com experiências ¿que possam ter levado a certos exageros na política de concessão de crédito por instituições financeiras ao longo do tempo¿.