Título: Lula recomenda vigilância à equipe econômica
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2008, Economia, p. B6

Mantega antecipa retorno das férias e anuncia que, se necessário, serão adotadas medidas contra a crise

Em meio ao agravamento da crise nos mercados internacionais depois da divulgação de dados desfavoráveis da economia dos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, antecipou a volta das férias e anunciou que o governo, se for necessário, tomará medidas para enfrentar o impacto negativo, no Brasil, de uma eventual desaceleração maior da atividade econômica mundial. Segundo Mantega, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou vigilância à equipe econômica.

Por enquanto, assegurou, não há necessidade de medidas porque a economia brasileira está ¿bem posicionada¿ para enfrentar a turbulência. Mesmo com a crise, disse Mantega, o Produto Interno Bruto (PIB) terá em 2008 um crescimento ¿robusto¿, em torno de 5%. ¿É um momento de atenção. O presidente Lula determinou que ficássemos bastante vigilantes para ver os movimentos da economia internacional e, se necessário, tomar alguma medida.¿

Segundo o ministro, o consumo interno pode compensar perdas dos exportadores com a desaceleração da economia mundial. Para Mantega, ¿a interrogação¿ é saber até que ponto a desaceleração da economia dos EUA afetará o mercado de commodities - o que pode repercutir na economia brasileira.

De acordo com ele, até agora não houve impacto porque as economias emergentes estão puxando o consumo. ¿É claro que, se houver uma recessão maior dos Estados Unidos, isso poderá ter alguma conseqüência pequena sobre o Brasil.¿

Mantega deveria voltar das férias apenas na próxima segunda-feira. A assessoria do Ministério da Fazenda negou que o retorno tenha sido antecipado por causa do agravamento do cenário econômico.

RECEITA

Um reforço da política fiscal com a divulgação de um conjunto convincente de cortes de despesas. Esta é a receita de economistas ouvidos pelo Estado para o ministro da Fazenda lidar com a crise.

¿O maior antídoto contra os efeitos da crise é o esforço fiscal¿, recomendou o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. Segundo ele, o governo tem titubeado em relação aos cortes para compensar a perda com o fim da CPMF. Com a demora, as resistências dentro do governo estão ¿se armando¿.

Para o estrategista-chefe do Banco WestLB no Brasil, Roberto Padovani, o recomendável numa situação externa adversa é uma política fiscal mais dura, avançar nas reformas e ter cautela na política monetária.