Título: Mensagem de Lula põe agenda do ano de lado
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2008, Nacional, p. A8

Ele se fixa em feitos do passado e nem cita reforma tributária

A mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lida ontem na abertura do ano legislativo se fixou nas realizações do passado e não apresentou ao Congresso nenhum grande desafio para 2008. Nem mesmo a reforma tributária, sempre alardeada pelo governo como prioridade da agenda legislativa em 2008, foi mencionada por Lula no texto lido pelo secretário da Mesa do Congresso, Osmar Serraglio (PMDB-PR).

Na apresentação da mensagem, o presidente disse ser, ao mesmo tempo, o mais satisfeito e o mais insatisfeito dos brasileiros. ¿Satisfeito porque fizemos muito e insatisfeito porque tudo isso é pouco diante do tamanho da nossa dívida social.¿

No ano anterior, mesmo tendo feito uma apresentação de tamanho menor, Lula enfatizou sua prioridade absoluta para o recém-lançado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que continha uma série de medidas que dependiam de aprovação dos parlamentares. E também destacava a necessidade de aperfeiçoar o sistema tributário e os marcos regulatórios do País.

Na apresentação de ontem, ele menciona quase de passagem que suas prioridades para 2008 são segurança, educação e saúde. Chega a citar o chamado PAC da Saúde, mas apenas para destacar que o processo foi abortado pelo fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). ¿Mas tenho certeza de que o governo, o Congresso e a sociedade, juntos, encontrarão uma solução para o problema¿, disse, sem dar pista do que seria essa saída. Embora não assuma a iniciativa, contudo, o Planalto estimula a bancada governista a recriar a CPMF.

O presidente deu forte ênfase aos resultados econômicos obtidos em 2007 e avaliou que o crescimento em 2008 será semelhante ao do ano passado, mesmo com a crise externa. ¿A economia brasileira certamente cresceu mais de 5% no ano passado, com baixa inflação, e neste ano continuará crescendo em ritmo semelhante, porque seus fundamentos estão sólidos e ganharam a confiança de todos, tanto interna como externamente.¿

Lula enumerou os indicadores econômicos que melhoraram significativamente no ano passado, como as reservas internacionais na casa de US$ 180 bilhões - ¿correspondendo a mais do que o dobro da dívida externa pública e à quase totalidade da dívida externa do País¿ - e o superávit de US$ 40 bilhões na balança comercial, refletindo o aumento das exportações e importações. Mas deixou de citar o fato de que esse saldo caiu em relação a 2006.