Título: Estados que adiantaram prévias se deram mal
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2008, Internacional, p. A12
Até três semanas atrás, a antecipação das primárias em alguns Estados americanos parecia ter sido uma jogada que deu certo. O Estado que adiantasse as prévias ganharia mais peso político, atrairia o dinheiro dos candidatos e a atenção da mídia. Ninguém imaginava, porém, que a disputa fosse ser tão acirrada e continuasse após a Superterça. No fim, ironicamente, aqueles que não adiantaram suas prévias é que podem acabar sendo decisivos no processo.
¿Todos achavam que 5 de fevereiro decidiria a corrida, mas agora o mais provável é que tudo fique ainda mais confuso¿, disse ao Estado, por telefone, Erik Smith, um decano estrategista do Partido Democrata. ¿Aparentemente, foi bom para aqueles Estados que não mudaram a data das primárias.¿
Todos os analistas esperavam que uma seqüência de vitórias em janeiro daria o embalo necessário para que um candidato chegasse bem na Superterça e assumisse o controle da corrida. Agora, a maioria dos especialistas não acredita que a votação de terça-feira aponte um vencedor.
¿Os candidatos deverão dividir os votos na Superterça¿, diz Dan Schnur, cientista político da Universidade de Berkeley, na Califórnia. ¿Quem obtiver uma vitória parcial, vencer em dois ou três Estados, poderá ter o estímulo e o apoio necessário para seguir em frente.¿
Richard Murray, cientista político da Universidade de Houston, no Texas, tem a mesma opinião. ¿A corrida tornou-se uma disputa por delegados e o mais provável é que eles sejam divididos na Superterça.¿
Tradicionalmente, as prévias de Iowa abrem a temporada eleitoral, seguidas das primárias em New Hampshire. Este ano, no entanto, outros Estados quiseram uma parte do privilégio de servir de tendência para o restante do país e anteciparam suas votações.
A confusão começou na Flórida, que em maio adiantou suas primárias de 5 de fevereiro para 29 de janeiro. Isso tirou da Carolina do Sul o status de ser o primeiro Estado do sul a escolher seus delegados.
Para não ficar atrás, a Carolina do Sul anunciou em agosto que anteciparia seu processo para 19 de janeiro. Isso gerou um efeito dominó, espremendo o calendário eleitoral nos meses de janeiro e fevereiro e deixando um enorme vazio político entre a Superterça e as convenções nacionais, marcadas para a última semana de agosto e a primeira de setembro.
A Superterça, que deveria ser o dia em que republicanos e democratas conheceriam seus candidatos, continua sendo fundamental, já que elege cerca de 40% dos delegados de cada partido, mas perdeu seu caráter decisivo. Os americanos, que nos próximos cinco meses veriam uma seqüência sonolenta de primárias esvaziadas, agora dão importância aos Estados que não mexeram em seu calendário eleitoral.
¿Muita gente achou que a fatura estaria liquidada no dia 5¿, disse Jenny Backus, consultora do Partido Democrata. Ela diz que a verdadeira Superterça pode acabar sendo o dia 4 de março, quando os Estados de Ohio, Rhode Island, Texas e Vermont realizarão suas primárias. ¿No final, talvez tenha sido um bom negócio não antecipar as prévias¿, afirmou.
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