Título: Produtor de carne critica corte na lista de fazendas
Autor: Salvador, Fabíola
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2008, Economia, p. B3

Presidente da CNA quer manter as 2.681 fazendas autorizadas inicialmente e ataca decisão do governo

A decisão do governo de reduzir para 600 o número de fazendas aptas a exportar carne para a União Européia (UE) desagradou à iniciativa privada. O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, disse que o governo deveria manter a lista inicial, com 2.681 fazendas. ¿As deficiências são burocráticas, não técnicas. Ou o governo mantém as 2.681 fazendas ou não manda nada¿, criticou.

O secretário da Agricultura de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues, que participou da reunião com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reafirmou que a exigência da UE de credenciar apenas 300 propriedades fere as regras internacionais de comércio. ¿Não pode haver discriminação¿, disse. Ele lembrou que é impossível escolher fornecedores se as condições sanitárias são iguais.

Na Europa, os consumidores já sentem no bolso os reflexos do embargo da UE à carne brasileira. Em alguns países, os preços subiram até 20%, segundo Sérgio De Zen, professor da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).

Especialista em pecuária de corte, ele participou nos últimos dias, na Inglaterra, de reuniões com pesquisadores de todo o mundo para discutir questões relativas ao tema. Os certificados de exportações para o bloco deixaram de ser emitidos no dia 1º de fevereiro.

Para o pesquisador, os preços da carne continuarão subindo no mercado europeu. ¿A expectativa é de novas altas. O Brasil é um grande fornecedor e nenhum outro país tem capacidade para ocupar esse espaço no curto prazo¿, disse De Zen. A oferta de carne produzida por outros grandes fornecedores, como Argentina, Estados Unidos e Austrália, não deve aumentar no curto prazo, avaliou. ¿A Argentina tem dito que o preço dos grãos está elevado e várias áreas de pastagem nas melhores terras estão sendo convertidas para soja e milho, deslocando o boi para regiões menos produtivas.¿

De Zen acredita que a pressão para o fim do embargo virá do consumidor europeu. ¿Não será possível agüentar essa situação por muito tempo¿, disse. Ele afirmou que o embargo beneficia apenas os produtores irlandeses, que fizeram pressão para que a carne brasileira fosse barrada.