Título: FMI pede explicações sobre cálculo do índice
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2008, Economia, p. B8

O Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo informações extra-oficiais, enviou uma carta ao Instituto de Estatísticas e Censos (Indec) na qual diz que pode rejeitar os números da economia da Argentina, especialmente o da inflação, se o organismo não explicar as polêmicas mudanças de metodologia na medição de preços no ano passado. Desde janeiro de 2007, o Indec está sob férrea intervenção do governo, o que levou a uma série de denúncias de manipulação da inflação.

O FMI quer que o governo de Cristina Kirchner explique o motivo da demissão de 15 técnicos do Indec, que supostamente, resistiram à manipulação de dados. Se isso for comprovado, a Argentina pode ser excluída de todos os centros de informação que seguem as normas dos Princípios Fundamentais das Estatísticas Oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo as fontes, na carta, o FMI diz que, se as mudanças na metodologia de medição da inflação forem irregulares, excluiria a Argentina do World Economic Outlook, publicação do Fundo consultada pelos principais investidores mundiais para definir seus negócios.

PRESSÃO

Enquanto isso, o governo continua pressionando os empresários para que contenham o aumento de preços. A pressão é feita pelo temido Secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, famoso há dois anos por começar reuniões com empresários colocando uma arma em cima da mesa. Moreno fez acordos de estabilidade de preços em 2006 e 2007 com diversos setores.

Tudo indicava que no governo Cristina Moreno não teria a importação que teve na administração do ex-presidente Néstor Kirchner, nem sequer manteria o cargo. Mas ele não só continuou no governo como aumentou seu poder.

Na última semana de dezembro, a presidente enfrentou seus primeiros apagões de energia. Segundo opositores do governo, ela foi aconselhada por seu marido a colocar Moreno no comando do ¿gabinete de crise¿.

O secretário, com seu estilo direto, teria telefonado aos gritos para os presidentes das empresas de energia para conseguir um alívio na escassez de abastecimento.

Nas primeiras semanas de janeiro, Guillermo Moreno foi o encarregado de pressionar as empresas de combustíveis a reduzir os preços dos produtos. Para ajudá-lo na missão, contou com outro temido assessor do casal Kirchner, Santiago Montoya, o diretor da Receita Federal da província de Buenos Aires, a maior do país, responsável por um terço do Produto Interno Bruto (PIB) argentino.