Título: Empresário contesta Lula e diz que setor já opera em ritmo de apagão
Autor: Vianna, Andrea
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/01/2008, Economia, p. B6

Para presidente da Associação dos Investidores em Autoprodução de Energia, `o racionamento se faz no preço¿

O presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica (Abiape), Mário Luiz Menel, disse ontem que o setor de energia já opera em ritmo de apagão, diante da alta do custo do megawatt-hora. A entidade reúne gigantes como Vale, CSN, Votorantim e Gerdau.

O empresário rechaçou a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que ¿a questão energética vive de boatos¿. Para o empresário, ¿o racionamento se faz no preço¿. ¿Ora, se estamos pagando de cinco a seis vezes mais pela energia, isso já é racionamento. Para mim, pagar cerca de R$ 600 o megawatt-hora já configura apagão¿, observou. Segundo ele, há investidores, mas o governo não tem projetos.

Um modelo matemático define o preço da energia no mercado livre, levando em consideração elementos como o volume de chuvas e o crescimento econômico. Quanto maior o risco de escassez, maior o preço. O indicador, medido pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), alcançou o máximo permitido de R$ 569,59 para todo o País. O valor é quase 20% maior do que os R$ 475,53 da semana passada.

Menel esclarece que a alta do preço da energia para os produtores não reflete, inicialmente, no consumidor residencial - o alvo preferencial das preocupações do presidente Lula. A alta do preço concentra-se primeiro nas concessionárias de distribuição. ¿O consumidor poderá sentir as conseqüências por volta de julho, mas os grandes consumidores já estão expostos¿, alertou.

PROPOSTAS

Representantes das indústrias do Rio vão levar ao governo no dia 25 a proposta de racionalização de energia no País, com o objetivo de evitar um corte drástico nos meses seguintes. A proposta foi discutida ontem em reunião na Federação das Indústrias do Rio (Firjan), com participação de representantes da Petrobrás. Segundo o secretário de Desenvolvimento do Estado, Júlio Bueno, ¿não serão aceitas medidas locais, e sim nacionais¿.

¿O primeiro passo, que é admitir o risco de falta de energia, nós já tomamos. O segundo passo é o governo federal também admitir o problema para discutirmos um pacto nacional¿, disse o presidente do Conselho Empresarial de Energia da Firjan, Armando Guedes Coelho.

Bueno, entretanto, ressaltou que estão descartados cortes no fornecimento do gás que atinjam a população. ¿Se houver falta de energia todos têm de contribuir. Mas isso será resolvido na conversa, e não na força.¿ COLABOROU KELLY LIMA

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