Título: Petrobrás já se prepara para ser a 5ª do mundo
Autor: Pamplona, Petrobrás já se prepara para ser a 5ª do
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2008, Economia, p. B4
Maior empresa brasileira, a Petrobrás pode chegar ao posto de quinta maior companhia de energia do mundo antes do previsto. O planejamento estratégico da companhia, divulgado no ano passado, impunha como meta atingir a quinta posição em 2020. Há duas semanas, porém, a consultoria americana PFC Energy colocou a estatal brasileira no sexto lugar entre as empresas de energia com maior valor de mercado, um crescimento impressionante em relação ao 11º lugar obtido no ranking do ano passado.
A relação não inclui empresas estatais não listadas em bolsas de valores, o que exclui algumas companhias de países árabes, mas dá uma dimensão do tamanho da petroleira brasileira em relação a seus pares. Em uma disputa incluindo empresas de capital fechado, a Petrobrás ocupava a 15ª colocação no ano passado, segundo a revista especializada Petroleum Inteligence Weekly. O ritmo de crescimento pode ser maior nos próximos anos, à medida que a companhia consiga confirmar o potencial da Bacia de Santos.
A descoberta de reservas gigantes na região, por sinal, foi fator determinante para a ascensão da Petrobrás no ranking da PFC de 2007, no qual a estatal brasileira ultrapassou companhias tradicionais como a francesa Total e a britânica BP. Estimativas preliminares indicam a existência de até 100 bilhões de barris de petróleo e gás natural, o que confere à estatal enorme potencial para os próximos anos. Em relatório recente, o banco Credit Suisse diz que as ações da empresa podem valorizar até 35%, caso as expectativas se confirmem.
Especialistas lembram, porém, que o movimento de expansão da companhia é anterior às descobertas abaixo da camada de sal, ganhando maior intensidade após a abertura do mercado brasileiro de petróleo, em 1997. Com a perspectiva de perder algum espaço no Brasil, a companhia partiu para vôos mais altos no exterior, ampliando sua área de atuação. Além disso, melhorias na gestão da companhia foram um dos principais focos da direção indicada pelo segundo governo Fernando Henrique Cardoso.
¿No lado operacional, houve melhora de gestão, a empresa intensificou o investimento em pesquisa e exploração e colheu os frutos de esforços passados. Com isso, conseguiu passar a produção de petróleo de algo como 1 milhão de barris por dia em 1997 para 2 milhões de barris por dia em 2007, ao mesmo tempo que aumentou o estoque de reservas comprovadas e potenciais¿, lista o professor Roberto Montezano, coordenador do Mestrado em Administração do Ibmec. Nesse período, o valor de mercado da companhia subiu da casa dos US$ 20 bilhões para US$ 241,7 bilhões.
PARCERIAS
No ano passado, quando se completaram dez anos do fim do monopólio, especialistas do setor foram unânimes em afirmar que a Petrobrás foi uma das mais beneficiadas pelas mudanças na lei do petróleo. Hoje, a empresa atua em 26 países. É a maior companhia da Bolívia, a segunda maior petroleira na Argentina e tem importantes projetos na porção americana do Golfo do México, uma das áreas mais competitivas do mundo. Além disso, tem se tornado parceria preferencial para empresas de todo o mundo interessadas em buscar reservas em águas profundas.
A variada atuação internacional ajudou a companhia a reduzir sua exposição ao risco Brasil, além de garantir maior visibilidade junto a investidores internacionais. Com ações listadas nas bolsas de São Paulo, Buenos Aires, Nova York e Madri, a companhia atingiu o grau de investimento em 2005, ampliando o leque de possíveis investidores internacionais. ¿A maior diluição do capital nos mercados domésticos e internacionais aumentou a liquidez das ações e melhorou a governança da empresa, fatores que criam valor para os papéis¿, comenta o professor do Ibmec.
Mas o fato é que nem melhorias de gestão nem os bons resultados exploratórios teriam provocado tal valorização se o preço do petróleo não tivesse disparado nos últimos anos, a ponto de rondar os US$ 100 por barril no início de janeiro - há dez anos, as cotações internacionais situavam-se entre os US$ 12 e US$ 20 por barril.
É o que vem sendo chamado por analistas de ¿efeito China¿, em alusão à voracidade consumidora do gigante asiático. O país, por sinal, colocou duas empresas entre as seis maiores companhias de energia do mundo no ranking da PFC Energy divulgado este mês.
A consultoria americana observa um crescimento das chamadas national oil companies (NOCs), empresas que, mesmo negociadas em bolsas de valores, permanecem com controle estatal, como é o caso da Petrobrás.
¿O setor financeiro reconhece que as NOCs têm mais acesso a reservas e a mercados domésticos em franco crescimento¿, comenta o presidente da PFC, J. Robinson West. No ano passado, a Petrochina atingiu US$ 723,2 bilhões em valor de mercado, desbancando a gigante americana ExxonMobil, que liderava o ranking desde que foi criado.
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